Novo Nordisk vive momentos opostos no mercado farmacêutico
No Brasil, consulta pública pode levar Wegovy ao SUS. Já no exterior, investidores querem decidir novo comando


A Novo Nordisk, uma das maiores empresas do mercado farmacêutico mundial, vive duas realidades conflitantes. No Brasil, uma consulta pública pode auxiliar na ampliação do acesso a um de seus blockbusters mas, em meio a dúvidas sobre sua liderança, um grupo de investidores quer assumir o protagonismo.
Por aqui, a Conitec abriu uma consulta pública sobre a inclusão do Wegovy (semaglutida) no SUS. A eventual incorporação seria uma grande virada de chave para o sistema, que ainda não fornece nenhum dos cinco remédios aprovados pela Anvisa para o tratamento da obesidade.
Já no mundo, um fundo de investimentos está construindo uma carteira de ações da farmacêutica. O objetivo: ter voz na decisão do comando do laboratório, que se encontra em transição há um mês.
Gigante do mercado farmacêutico lida com desafios diferentes
Conitec é contra, mas consulta pública pode levar Wegovy ao SUS
O primeiro parecer da Conitec sobre a inclusão do Wegovy no SUS foi contrário. Na visão do órgão, como o tratamento é contínuo, seriam gastos R$ 300 mil por paciente e, em cinco anos, a conta poderia chegar aos R$ 7 bilhões.
Agora, a população em geral, incluso pacientes, profissionais de saúde e gestores, podem opinar sobre o tema. Para participar, basta preencher o formulário onlineaté o próximo dia 30.
Caso seja aprovado, esse será o primeiro tratamento medicamentoso para a obesidade a ser ofertado pelo SUS. “Quem tem dinheiro segue com acesso, enquanto quem depende do sistema único de saúde continua sem alternativa”, opina Maria Edna de Melo, endocrinologista e diretora do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).
Com vácuo na liderança, investidores querem ganhar controle
Nos últimos 12 meses, as ações da Novo Nordisk acumularam uma desvalorização de 50%. Com os resultados aquém do esperado, a farmacêutica anunciou em maio que o executivo chefe, Lars Jørgensen, deixaria o cargo assim que um sucessor fosse definido.
Desejando participar dessa decisão, o fundo de hedge ativista Parvus Asset Management está aumentando sua participação no laboratório. Não é pública a fatia que o fundo de investimento detém da companhia, mas estima-se que seja algo próximo dos 5,2 bilhões de libras esterlinas (R$ 39 bilhões).
A maior acionista da empresa é a Fundação Novo Nordisk, comandada por Lars Sørensen, que já foi presidente da farmacêutica. Inclusive, ele passou a integrar o conselho de administração como observador recentemente, como parte do processo de escolha do novo líder.