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A indústria brasileira de cosmética natural e orgânica

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As dores e as delícias do empreendedorismo com propósito na indústria cosmética brasileira foi o tema de uma bate-papo que reuniu Soraia Zonta, diretora criativa da Bioart, Zezé Ferri Viesi, diretora e idealizadora da Almanati, e Carol Villar, sócia-fundadora da Souvie, no sábado (09/06), último dia da Bio Brazil Fair. O evento internacional de produtos orgânicos e agroecologia aconteceu entre os dias 6 e 9 de junho, no Centro de Eventos do Anhembi, na zona norte de São Paulo.

Mediadora do encontro, Soraia que criou a Bioart, em 2010, mencionou a razão que a levou para a indústria de cosméticos naturais e orgânicos. “Entrei nesse mundo por amor à natureza. É isso o que me move. Todas as ações acabam fazendo parte como um todo. Um shampoo muito químico e sintético vai pro ralo e de lá vai parar nas águas. A mesma água que vamos beber. É muito mais que consumo da beleza aqui e agora. É muito maior”, disse.

Com fábrica própria na região da Grande Florianópolis (SC) e certificação Ecocert, a Bioart é referência no mercado sustentável. A empresa é pioneira na criação de eco-make-ups a base de argila especial e bioativos para tratamentos a base de elementos naturais, saudáveis e veganos. E na tecnologia de biocosméticos e biomiméticos no Brasil.

Além do amor, Soraia explicou que sua relação com a causa foi também impulsionada pela dor. “Quando comecei a ver a crueldade com os animais senti muita dor. Tenho uma alergia. Sou apaixonada por maquiagem. Então digo que o DNA da Bioart foi por conta de uma dor. Os testes. Não encontrar maquiagem [em função da alergia] no Brasil me impulsionou. Esse amor e essa dor”, comentou.

Depois de cinco anos de pesquisa, a Almanati Cosméticos Naturais e Orgânicos foi oficialmente lançada na Bio Brazil, no ano de 2016. Trabalho que envolveu buscas nacionais e internacionais para que finalmente o conceito da empresa pudesse surgir. Idealizadora da Almanati, Zezé também mencionou tais contrastes – amor e dor – como mola propulsora do projeto. “Trabalhei em empresa familiar no ramo hospitalar e convivi muito próximo e vi muitas pessoas doentes e acamadas. E me questionada ‘por que tanta doença?’, ‘o que nos leva a adoecer?’. O cosmético veio então para a prevenção. Começamos com alimentação e depois partimos para a cosmética. Era a forma de trazer bem-estar e cuidado.”

Da mesma forma, Carol compartilhou com a plateia o ponto de partida para a construção da marca. E expôs como dor um dos principais desafios do universo do consumo consciente: o preço das coisas e a falta de entendimento do cliente. “Para mim foi mais o amor que impulsionou. Mas a gente tem um desafio diário. As pessoas reclamam do valor que o produto tem, mas existe o desafio do laboratório. Tem matéria-prima para importar. Questões com os registros sanitários. Mas o que nos dá força é a gratidão de poder fazer isso. Agradeço de ser alguém que pensa assim e que está determinada seguir por esse que é um caminho sem volta. Aquele momento que você tem o seu cuidado. Eu me sinto orgulhosa de saber que posso fazer parte desses momentos”, disse a executiva que relembrou que o nascimento de filhos a fez entender também a necessidade de criar uma linha que atendesse a recém-nascidos. “Fazia minhas soluções. São todas as experiências que trazem pra gente uma dor, mas que transformamos em crescimento. Precisa da dor. Se pensarmos em todas as etapas da vida. A gente cresce com a dor”, comentou Carol que diz acreditar que a mudança que faz com que o consumidor busque por produtos orgânicos e naturais possa também acontecer de maneira fracionada, sem radicalismos.

Certificada pela Ecocert e pela Sociedade Vegetarana Brasileira (SVB), a Souvie conta com três linhas distintas de cosméticos para o rosto, as mãos, o corpo e os cabelos. Além da linha que atende a homens e mulheres, a empresa dedica suas pesquisas na criação de produtos para gestantes e para cuidar do bebê durante os primeiros 28 dias de vida.

Inspiração e investimentos

Falando para uma plateia de profissionais do setor, as empreendedoras Soraia Zonta, Zezé Ferri Viesi e Carol Villar deram dicas para quem deseja entrar para o mercado de cosméticos veganos. Soraia apontou a importância da rastreabilidade e da certificação que garante a transparência no processo de produção e origem da matéria-prima empregada na produção. Quando questionada sobre os principais conselhos que daria para quem está começando no setor, a empreendedora elencou três orientações:

“Primeiro: tenha um bom plano de negócios. Isso ajuda muito a prever riscos e oportunidades; Segundo: Não sofra nem se ofenda com o que os outros falam. Eu chorei muito com isso; E terceiro: não chore. Vá em frente. Dou palestra com a Monja Coen e ela sempre diz: ‘Quem conhece a si não se ofende’. Por que dar força para o lado ruim?”, afirmou.

Já Zezé explicou questões relacionadas ao investimento. Segundo a empreendedora, é possível contar com aporte financeiro inclusive do governo. “vejo muitas marcas pequenas e hoje tem a internet e as redes sociais, portanto, tem muitas maneiras de começar com um produto. Que tem modelo de negócio enxuto e tem empresas e startups apoiando esses projetos. vale se conectar com essas empresas que apoiam e ajudam a estruturar e ter mais foco. Para ser mais acertivo. O governo tem financiamento para pesquisas. Parece que não. Mas é só fuçar. Tem dinheiro. Mas tem que ter projeto. Tem a Lei do Bem de incentivo à pesquisa. Tem polos de pesquisa próximo a universidades. A USP é uma referência em pesquisa. Nosso modelo é fragmentado. Por isso, não desenvolve toda a cadeia. Mas vale a pena se aproximar das universidades e buscar no site do governo esse incentivo à pesquisa. E não só no Brasil, há outros países que investem”, comentou.

Soraia também ressalta a busca por leis de incentivo junto ao governo. No entanto, ela faz um alerta a respeito de investidores. Para a empresária, o empreendedorismo com propósito é também um sonho que não se pode colocar nas mãos de qualquer pessoa. “na Bioart não tivemos investimento. Quem investiu foi minha mãe, meu companheiro, meus amigos. E o que ganhava era reinvestido. A partir do momento que alguém coloca dinheiro, esse alguém cobra por resultados. E você perde a liberdade”, completa.

Fonte: Moda sem Crise

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