O peso da venda de suplementos em farmácias tornou-se ainda mais notório após a realização da Arnold South America, com a divulgação de um faturamento recorde.
Os negócios da categoria no varejo farmacêutico totalizaram R$ 3,7 bilhões nos últimos 12 meses até fevereiro de 2024, segundo a Close-Up International. O avanço em relação ao mesmo anterior chegou supera 30%, índice bem superior ao registrado pela comercialização geral de não medicamentos, cuja alta foi de 16%.
A feira aconteceu no último fim de semana no Expo Center Norte (São Paulo-SP) e, pelo segundo ano consecutivo, dedicou uma área exclusivamente para debater o avanço do segmento. Profissional com 28 anos de especialização em relações institucionais no mercado farmacêutico, Leka Vital foi a embaixadora do encontro.
O Fórum de Suplementos no Canal Farma atraiu uma rede de parceiros estratégicos, a exemplo da ABCFarma, Abradilan, Sincamesp e Sincofarma-SP. Todas as entidades lançam seus olhares para a disseminação desse gênero de produtos nas farmácias regionais – nicho onde a categoria ainda é subaproveitada.
Os suplementos correspondem a 8,2% do faturamento dos não medicamentos nas farmácias, percentual que escancara o potencial latente desse mercado, na visão de Paulo Paiva, vice-presidente Latam da Close-Up International.
“Basta olharmos o desempenho dos produtos vinculados ao segmento de fitness e life style, que têm crescimento acumulado de 157% nos últimos cinco anos e já movimentam R$ 609 milhões. E é um segmento que ainda responde por apenas 17% da venda de suplementação”, ressalta.
Suplementos em farmácias ainda têm venda concentrada
A venda de suplementos em farmácias ainda é pautada pela concentração. As grandes redes absorvem mais de 60% do volume de negócios. Mas está aí outro campo oportuno para as farmácias regionais. “A quantidade de suplementos alimentares e vitamínicos permite ao varejo farmacêutico incorporar uma expressiva diversidade ao seu mix, o que se traduz em impacto imediato para as vendas”, acredita.
A concentração reflete-se também na performance das subcategorias de suplementos. As cinco principais geram 74% das vendas.
As 5 categorias que lideram a venda de suplementos em farmácias
(movimentação em milhões de R$ nos últimos 12 meses até fev/2024)
Além disso, quase 10% do faturamento de R$ 3,7 bilhões é resultante de cinco fabricantes – Integralmédica, Red Bull, Coca-Cola, Mead Johnson e Hypera CH.
Fabricantes top 5 em movimentação nas farmácias
(em milhões de R$)
Associativismo tem caso de sucesso
Mas redes de farmácias associativistas começam a dar seus passos e obtêm ganhos com a venda de suplementos. É o caso do Grupo Total, que congrega mais de 620 PDVs das bandeiras Drogaria Total e Total Popular, distribuídos especialmente pelo estado de São Paulo.
Em 2023, a varejista ampliou em 30% o número de SKUs de suplementação e viu a receita crescer 51% em relação a 2022. Cenário bem diferente do de 2019, quando houve queda de 3% no faturamento. “A média de retorno sobre o investimento chega a 33%, o que demonstra o nível de maturidade na oferta ao consumidor”, enfatiza o head de expansão Jair Beloube.
Outra palestrante do dia, a consultora Silvia Osso explanou sobre as possibilidades de o mercado de suplementos capitalizar o público da melhor idade. “O consumidor que vai à farmácia pleiteia desconto na aspirina, mas não na barra de cereal. É um segmento com potencial quase ilimitado, se amparado por programa de fidelidade e uma consultoria de saúde e bem-estar individualizada”, entende.
“Até 2050 devemos ter 30% de população idosa no Brasil, o que realça a relevãncia da venda de suplementos para a farmácia do futuro”, acrescenta Rafael Espinhel, presidente executivo da ABCFarma.
Distribuição farmacêutica como canal
Diretor financeiro da Abradilan, Jony Sousa destacou a atual cobertura das distribuidoras em PDVs do varejo que trabalham com produtos de fitness e life style.
“Hoje já garantimos o abastecimento de 83,5% de farmácias independentes e 83,4% de associativistas que contam com esse portfólio. Nas médias e pequenas redes, o percentual é de 47,2% e 61,8%, respectivamente. Há muito campo para avançar e, por estar em 95% dos municípios brasileiros, a distribuição farmacêutica pode ser um canal precioso para alavancar os suplementos”, finaliza.