Os 10 remédios genéricos líderes nas farmácias brasileiras foram determinantes para a categoria crescer quase 8% em volume de unidades comercializadas. E uma análise baseada em indicadores das principais consultorias do setor listou os campeões de venda em 2022.
Com R$ 130,8 milhões em vendas no período, crescimento de 42% em relação a 2021, o anti-inflamatório, analgésico e antitérmico cetoprofeno, da Medley, ocupa a primeira colocação. Curiosamente, o remédio foi apenas um entre as centenas de medicamentos em falta nos hospitais e farmácias do país ao longo deste ano.
Remédios genéricos no centro das atenções
A lista dos remédios genéricos mais vendidos tem, no segundo lugar, a losartana, da Neo Química – com R$ 110,6 milhões em vendas. Apesar da posição, o medicamento registrou queda de 21,9% em relação ao período anterior.
No primeiro semestre do ano passado, o anti-hipertensivo ganhou os holofotes quando a farmacêutica Medley anunciou o recall voluntário de todos os lotes de losartana potássica por suspeita de contaminação por nitrosamina, substância com potencial cancerígeno.
No fim de junho de 2022, a Anvisa determinou o recolhimento de lotes do medicamento de diversas fabricantes devido a suspeitas sobre a presença da impureza “azido” em concentração acima do limite de segurança aceitável. Mas já em julho, a agência liberou a comercialização.
Fim da patente
A terceira e quarta colocações são ocupadas, respectivamente, pelo analgésico naratriptina (R$ 108 milhões), da Nova Química; e pelo levotiroxina (R$ 102,3 milhões), remédio hormonal da Merck para tratamento do hipotireoidismo. O top 5 incluiu ainda o anticoagulante rivaroxabana, da EMS, que apresentou R$ 94,7 milhões em vendas e o maior percentual de crescimento – 125,1%.
A EMS lançou o genérico do medicamento de referência Xarelto, desenvolvido pela Bayer, em maio de 2021. Isso ocorreu logo após o Supremo Tribunal Federal (STF) extinguir o parágrafo único do artigo 40 da Lei de Propriedade Industrial, que permitia prazo indeterminado para patentes de medicamentos. O anticoagulante é usado no tratamento de complicações decorrentes da Covid-19, como trombose, AVC ou embolia.
A metformina (R$ 90,9 milhões), para tratamento do diabetes da Prati-Donaduzzi, ocupa a sexta colocação, seguida do medicamento para problemas gástricos pantoprazol, da Medley, com R$ 88,9 milhões em vendas.
Kit Covid
Na oitava colocação figurou o antiparasitário ivermectina, da Vitamedic, com R$ 82,9 milhões em vendas. O medicamento teve retração de 84,3%. Uma das integrantes do chamado kit Covid, a ivermectina chegou a registrar 75,8 milhões de unidades vendidas em 2020, no auge da pandemia.
Na nona e décima colocação vêm a amoxicilina + clavulanato de potássio, da Sandoz (R$ 80,3 milhões em vendas) e da EMS (R$ 77,9 milhões) respectivamente.
Instrumento de acesso
No total, 96 laboratórios comercializam medicamentos genéricos no território nacional, com preços pelo menos 35% menores que as versões de referência e com indicação para cerca de 90% das doenças prevalentes no país. Ainda de acordo com a PróGenéricos, entre janeiro e dezembro de 2022, mais de 1,8 bilhão de caixas de genéricos foram comercializadas no Brasil.
Considerando o acumulado desde que os genéricos passaram a ser comercializados, em 1999, eles já geraram uma economia para os consumidores de R$ 241 bilhões, levando em conta quanto eles deixaram de gastar caso tivessem somente o medicamento de referência à disposição.