Fique por dentro dos principais FATOS e TENDÊNCIAS que movimentam o setor

Copom corta Selic para 2% ao ano, e deixa fresta de porta entreaberta para mais cortes

Acompanhe as principais notícias do dia no nosso canal do Whatsapp

Sem novidades, chegou corte de 0,25 ponto na meta dos juros básicos. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) do Brasil levou a Selic ao novo piso histórico de 2% ao ano nesta quarta-feira (5). A decisão foi unânime.

É a taxa de referência mais baixa desde 1999, quando o nível de preços no Brasil passou a ser controlado pelo regime de metas de inflação. Foi o nono corte consecutivo na rota iniciada em agosto passado, quando a Selic começou a descer do seu então piso histórico, de 6,5% ao ano.

Siga nosso Instagram: https://www.instagram.com/panoramafarmaceutico/

Em seu último comunicado, há 42 dias, os diretores do BC projetavam que “um eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário” seria “residual”. Ou seja, de menor intensidade que o anterior, de 0,75 ponto.

Este comunicado começou com um alerta para a maior crise já enfrentada pelo mundo desde 1930, após a quebra da bolsa de Nova York. No cenário externo, a pandemia da Covid-19 continua provocando a maior retração econômica global desde a Grande Depressão”, diz o texto, e o que “o ambiente para as economias emergentes segue desafiador.”

Nas partes finais, em que sinaliza seus próximos passos, o Copom sinalizou que, se o espaço para este corte já foi menor, para outros eventuais ficou ainda mais estreito. Ou seja, porta aberta para novos ajustes? Só uma frestinha de nada.

Surpresa: aos que achavam que a Selic ficaria necessariamente em 2% ao ano até dezembro, pode não estar mais tão certo assim. Mas pode ser que sim também. Se o último comunicado deixou claro o que aconteceria nesta quarta, daqui a 42 dias a decisão deve ser carregada de suspense.

“O Copom entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno”, descreve o documento.

O Banco Central pondera, na sequência, sobre as preocupações correntes no mercado sobre a sustentabilidade da dívida pública, possível obstáculo para mais estímulos.

“Consequentemente, eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva”, está escrito.

“Desta forma, o Copom não ‘fecha as portas’ totalmente para um novo corte, mas pelo tom, nos leva a crer que a taxa de juros Selic até o final do ano será mantida no patamar de 2% ao ano,” avalia Lucas Carvalho, analista da Toro Investimentos.

Pavimentou a nova referência nacional de juros para os mercados de crédito e investimentos, que passa a valer nesta quinta-feira (18), a inflação bem abaixo da meta estipulada para 2020, sob impacto da pandemia de covid-19. Antes da crise, no entanto, o nível de preços já estava moderado no Brasil.

A meta do Banco Central neste ano é entregar uma variação média dos preços medida pela IPCA de 4% em 12 meses, com intervalo de tolerância de entre 2,5% e 5,5%. A última medição feita IBGE, medida pelo IPCA-15, aponta inflação abaixo do piso da meta em junho, de 1,92% ao ano.

A ideia de baixar juros neste momento, em linhas gerais, é simples. Diminuir o custo de empréstimos e financiamentos para estimular o consumo, de modo que os preços voltem a se aquecer.

Outro efeito esperado é que que as ações na B3 mantenham o fôlego dos últimos meses. Com juros ainda mais baixos na renda fixa, não resta muita alternativa a não ser topar os riscos das bolsas, caso ainda se sonhe com rendimentos fartos. O ouro, outro “ativo real”, tem igualmente caído no gosto de investidores do Brasil na era dos juros rastejantes.

Ainda de acordo com a cartilha dos economistas, rendimentos fixos baixos por aqui pressionam dólares a irem embora ou nem mesmo embarcar para o Brasil, cujos juros são próximos aos do primeiro mundo, mas os riscos oferecidos são mais elevados.

Se eventualmente a alta do dólar virasse inflação, o que não tem acontecido, poderia até ajudar o BC a entregar a meta no fim do ano dentro da banda. Mas fora a demanda interna reprimida, que impede que altas nos custos cambiais sejam repassadas, a moeda americana, por si só, vem perdendo terreno.

LEIA A ÍNTEGRA DO COMUNICADO

Em sua 232ª reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 2,00% a.a.

A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:

No cenário externo, a pandemia da Covid-19 continua provocando a maior retração econômica global desde a Grande Depressão. Nesse contexto, apesar de alguns sinais promissores de retomada da atividade nas principais economias e de alguma moderação na volatilidade dos ativos financeiros, o ambiente para as economias emergentes segue desafiador;

Em relação à atividade econômica brasileira, indicadores recentes sugerem uma recuperação parcial. Os setores mais diretamente afetados pelo distanciamento social permanecem deprimidos, apesar da recomposição da renda gerada pelos programas de governo. Prospectivamente, a incerteza sobre o ritmo de crescimento da economia permanece acima da usual, sobretudo para o período a partir do final deste ano, concomitantemente ao esperado arrefecimento dos efeitos dos auxílios emergenciais;

O Comitê avalia que diversas medidas de inflação subjacente permanecem abaixo dos níveis compatíveis com o cumprimento da meta para a inflação no horizonte relevante para a política monetária;

As expectativas de inflação para 2020, 2021 e 2022 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 1,6%, 3,0% e 3,5%, respectivamente;

No cenário híbrido, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio constante a R$5,20/US$*, as projeções de inflação do Copom situam-se em torno de 1,9% para 2020, 3,0% para 2021 e 3,4% para 2022. Esse cenário supõe trajetória de juros que encerra 2020 em 2,00% a.a. e se eleva até 3,00% a.a. em 2021 e 5,00% a.a. em 2022; e

No cenário com taxa de juros constante a 2,25% a.a. e taxa de câmbio constante a R$5,20/US$*, as projeções de inflação situam-se em torno de 1,9% para 2020, 3,0% para 2021 e 3,7% para 2022.

O Comitê ressalta que, em seu cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.

Por um lado, o nível de ociosidade pode produzir trajetória de inflação abaixo do esperado. Esse risco se intensifica caso uma reversão mais lenta dos efeitos da pandemia prolongue o ambiente de elevada incerteza e de aumento da poupança precaucional.

Por outro lado, políticas fiscais de resposta à pandemia que piorem a trajetória fiscal do país de forma prolongada, ou frustrações em relação à continuidade das reformas, podem elevar os prêmios de risco. Adicionalmente, os diversos programas de estímulo creditício e de recomposição de renda, implementados no combate à pandemia, podem fazer com que a redução da demanda agregada seja menor do que a estimada, adicionando uma assimetria ao balanço de riscos. Esse conjunto de fatores implica, potencialmente, uma trajetória para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária.

O Copom avalia que perseverar no processo de reformas e ajustes necessários na economia brasileira é essencial para permitir a recuperação sustentável da economia. O Comitê ressalta, ainda, que questionamentos sobre a continuidade das reformas e alterações de caráter permanente no processo de ajuste das contas públicas podem elevar a taxa de juros estrutural da economia.

Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, para 2,00% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete seu cenário básico e um balanço de riscos de variância maior do que a usual para a inflação prospectiva e é compatível com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante, que inclui o ano-calendário de 2021 e, em grau menor, o de 2022.

O Copom entende que a conjuntura econômica continua a prescrever estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reconhece que, devido a questões prudenciais e de estabilidade financeira, o espaço remanescente para utilização da política monetária, se houver, deve ser pequeno. Consequentemente, eventuais ajustes futuros no atual grau de estímulo ocorreriam com gradualismo adicional e dependerão da percepção sobre a trajetória fiscal, assim como de novas informações que alterem a atual avaliação do Copom sobre a inflação prospectiva.

Apesar de uma assimetria em seu balanço dos riscos, o Copom não antevê reduções no grau de estímulo monetário, a menos que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estejam suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária, que atualmente inclui o ano-calendário de 2021 e, em grau menor, o de 2022. Essa intenção é condicional à manutenção do atual regime fiscal e à ancoragem das expectativas de inflação de longo prazo.

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/2019/01/10/o-brasileiro-quer-saude/ 

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Roberto Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Fabio Kanczuk, Fernanda Feitosa Nechio, João Manoel Pinho de Mello, Maurício Costa de Moura, Otávio Ribeiro Damaso e Paulo Sérgio Neves de Souza.

*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cotação média da taxa de câmbio R$/US$ observada nos cinco dias úteis encerrados no último dia da semana anterior à da reunião do Copom.

Fonte: Correio do Povo

Notícias mais lidas

Notícias Relacionadas

plugins premium WordPress