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Prejuízo da Pague Menos é o primeiro em três anos

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prejuízo da Pague Menos
Divulgação: Pague Menos

O prejuízo da Pague Menos no primeiro trimestre é um fato inédito em três anos. Para completar o cenário, a rede anunciou uma redução nada suave no plano de abertura de lojas.

No balanço da companhia apresentado nesta segunda-feira, dia 8, a Pague Menos anunciou prejuízo líquido de R$ 55,3 milhões, bem distante dos R$ 24,4 milhões de lucro dos três primeiros meses do ano passado. E longe também dos R$ 192 milhões de lucratividade da Raia Drogasil.

Em entrevista ao Exame In, Luiz Renato Novais, vice-presidente financeiro e de RI, define o cenário como “mais um efeito pontual do que regra para o restante do ano”. Os fatores que teriam motivado esse prejuízo incluem o aumento das despesas de marketing e custos operacionais associados à aquisição da Extrafarma.

“Consideramos atípico o resultado operacional do trimestre em decorrência de eventos concentrados no período de mais fraca sazonalidade do ano, que tendem a ser compensados nos próximos trimestres. A partir do 2T23 projetamos início de normalização do ciclo de caixa, com redução importante no PME e início de ciclo de desalavancagem financeira, que deve contribuir para reduzir a pressão das despesas financeiras no resultado”, afirmou a companhia durante o balanço.

Prejuízo da Pague Menos pode não ser efeito pontual

O prejuízo da Pague Menos, no entanto, está longe de ser uma onda passageira na visão de especialistas ouvidos pelo Panorama Farmacêutico. E um dos fatores que alimenta esse sentimento é a revisão drástica do plano de inaugurações. A projeção divulgada para este ano seria de 60 novas lojas. Agora, a meta mudou para 20.

Outro fator contraria o “efeito pontual”. O reflexo da falta de medicamentos chegou também à rede de origem cearense. A companhia projetava compras de R$ 180 milhões para reforçar o estoque da Extrafarma em 2022, mas Novais afirma que “não foi isso que a indústria entregou”.

Os fornecedores teriam destinado à Pague Menos somente metade do que a rede demandou para absorver os estoques necessários para absorver os estoques das lojas que a empresa incorporou após a compra da Extrafarma. Mas um detalhe: esse valor de R$ 180 milhões já representou o dobro do que a varejista estimou antes de concluir a aquisição.

Para conter impactos da falta de medicamentos, a Pague Menos vem recorrendo a negociações com a indústria para estender prazos de pagamento. Dos 24 dias acordados no quarto trimestre de 2021, o limite passou para 34 dias nos três últimos meses de 2022.

Mas aparentemente, não só esse desabastecimento motiva esse alongamento. A rede se viu obrigada a aprimorar o controle sobre as despesas após pagar R$ 737,7 milhões pela Extrafarma. A aquisição fez dobrar a alavancagem da dívida, que saltou de R$ 535,5 milhões para R$ 1,1 bilhão em um intervalo de apenas 12 meses.

Cenário da falta de medicamentos no Brasil

Uma pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), referente ao ano passado, revelou que 98% dos PDVs farmacêuticos ainda conviviam com a falta de medicamentos.

O levantamento teve a contribuição de farmacêuticos de 683 estabelecimentos de todos os estados e do Distrito Federal, sendo 68% da iniciativa privada e os 32% restantes da rede pública. Deste total, 671 registraram relatos de falta de medicamentos, especialmente das classes de antimicrobianos – categoria que inclui antivirais – e mucolíticos (expectorantes).

Na análise das motivações para a falta de medicamentos, a escassez no mercado foi apontada por 86,6% dos entrevistados. A alta demanda inesperada recebeu menções de 43,1%, enquanto 38,6% indicaram falhas do fornecedor.

Dos 671 profissionais que relataram desabastecimento, 470 (70%) disseram não conseguir alternativas. Para os demais 201, as opções citadas incluíram substituição, compra direta, manipulação, contato com o prescritor para apresentação das opções disponíveis e orientação ao paciente para retorno ao médico.

Quanto a alternativas possíveis para contornar a situação, 65,9% relataram não haver alguma medida, plano ou protocolo de mudança de procedimento ou de uso racional de medicamentos adotados pela instituição. Já 34,1% afirmaram haver alguma medida, como substituição do medicamento, uso racional, reforço nos pedidos e limite da quantidade por paciente.

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