Butantan começa a negociar doses da CoronaVac com cinco estados

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CoronaVac – Após cumprir dois contratos que previam a entrega de 100 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde, o Instituto Butantan passa agora a negociar doses desse imunizante diretamente com os estados. Até agora, cinco estados já firmaram acordo com o Instituto Butantan: Ceará, Piauí, Mato Grosso, Espírito Santos e Pará.

A CoronaVac é uma vacina contra a covid-19, aplicada em duas doses, que é produzida pelo Instituto Butantan e pelo laboratório chinês Sinovac. Esta é a vacina mais aplicada no mundo.

Segundo o Butantan, 2,5 milhões de doses dessa vacina serão entregues a estes cinco estados. A informação foi dada na sede do instituto, em São Paulo, e contou com a participação de cinco governadores, com exceção do governador de Mato Grosso. Participaram da entrevista os governadores João Doria (São Paulo), Wellington Dias (Piauí), Helder Barbalho (Pará), Renato Casagrande (Espírito Santo) e Camilo Santana (Ceará).

Desde janeiro, o Instituto Butantan vinha fornecendo vacinas ao Ministério da Saúde. Na semana passada, o governador de São Paulo havia informado que o Instituto Butantan finalizou a entrega das 100 milhões de doses para o ministério, que as distribuiu para a população por meio do Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Doses recolhidas

Durante a coletiva, o governador de São Paulo, João Doria, comentou sobre o fato da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ter interditado alguns lotes da vacina CoronaVac por terem sido produzidas em uma fábrica da Sinovac, na China, que ainda não foi vistoriada pelo órgão. A Anvisa anunciou o recolhimento dessas doses que haviam sido interditadas.

‘O governo de São Paulo orientou o Instituto Butantan a recolher todas as doses. Todas as doses já foram recolhidas. Elas estão interditadas pela Anvisa, mas a interdição não significa proibição de uso e nem destruição das doses. Estamos apenas aguardando que a fiscalização nessa nova fábrica construída pela Sinovac em Pequim possa ser fiscalizada pela Anvisa‘, disse Doria.

De acordo com o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, algumas vacinas desses lotes interditados chegaram a ser aplicadas, antes de terem sido suspensas pela Anvisa. Covas disse que o Butantan tem monitorado essas pessoas e nenhuma delas apresentou qualquer reação ou teve algum problema. Covas disse também que o Instituto não descarta a possibilidade de que essas vacinas de lotes interditados pela Anvisa possam retornar para a China ou ainda de que sejam doadas para outros países. ‘São vacinas que não tem problemas de qualidade’, ressaltou ele.

O secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, ressaltou que essas doses já haviam sido analisadas pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INQCS) e também pelo Instituto Butantan. E informou que cerca de 3,8 milhões de doses desses lotes já tinham sido aplicadas no estado paulista, antes do anúncio de suspensão.

‘A partir do momento em que a Anvisa fez essa referência, de forma imediata os municípios paulistas receberam ofício de que nenhuma dessas doses daqueles lotes deveriam ser aplicadas e que deveriam ser armazenadas e mantidas em condição de refrigeração’, informou Gorinchteyn. ‘Em paralelo iniciamos um programa de fármaco-vigilância. Felizmente não tivemos nenhum paciente que recebeu qualquer uma dessas doses apresentando reações’, explicou.

Fonte: Jornal Primeira Página

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‘Festas de Réveillon e carnaval deveriam ser proibidas’, diz ex-presidente da Anvisa

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Anvisa – O médico Gonzalo Vecina é ex-presidente Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já foi secretário de Saúde da cidade de São Paulo e tem grande experiência em sua área de atuação. Também é enorme sua preocupação com a ideia cada vez mais fixa de alguns governantes de começar a liberar geral, à medida em que a vacinação avança. Gonzalo acredita que somente quando o mundo todo estiver imunizado a coisa vai começar a melhorar. E teme principalmente que o surgimento de uma variante resistente às vacinas possa colocar a perder todo o esforço que tem sido feito até agora. Sonhar com uma normalidade que ainda não existe pode ser o caminho mais rápido para que o pesadelo da pandemia de Covid fique ainda maior.(leia mais abaixo)

Como o senhor recebeu o discurso do presidente Bolsonaro na ONU?

Praticamente um desastre, um soco no estômago. Eu acho que deveria ter algum tipo de crime ligado a isso. O mandatário eleito, representante oficial dos brasileiros, ficar a falar 12 minutos de mentiras para o mundo inteiro. Teria que haver algum tipo de punição.(leia mais abaixo)

É boa a atuação da Anvisa nesta pandemia?

Inacreditavelmente, a Anvisa tem conseguido ficar de fora do Bolsonarismo. E apesar de ter um contra-almirante (Antonio Barra Torres) como presidente, esse contra-almirante está se prendendo mais ao fato que ele tem diploma de médico do que que tem um cargo de contra-almirante. Ele está respeitando a saúde pública e fazendo com que a agência ande no bom caminho. Até agora não houve, na minha opinião, nenhum desvio da Anvisa com vistas a fazer qualquer tipo de agrado ao bolsonarismo. Pelo contrário. A Anvisa está tendo uma atuação absolutamente irretocável.(leia mais abaixo)

Em novembro de 2020, o senhor disse que quem quisesse ter Natal neste 2021 não deveria ir a festas no ano passado. Qual sua opinião em relação a reuniões familiares este ano?

É quase igual. Porque nós melhoramos, mas não o suficiente. Eu acredito que pessoas vacinadas poderão se reunir. Mas seria importante que as pessoas já vacinadas se estiverem convivendo com pessoas não vacinadas tome alguns cuidados nos últimos dias antes da festa. Pelo menos cinco dias antes da festa. Vamos supor que você tem uma família de pessoas vacinadas. Só que um casal da família tem filhos não vacinados. Nos últimos cinco dias da festa, o relacionamento com os filhos não vacinados deve ser mais cuidadoso, e sempre usando máscara. E os filhos não vacinados não podem ir na festa de Natal. Esse é o problema.(leia mais abaixo)

Como o senhor vê os anúncios de realização de festas de réveillon?

Festa de réveillon não pode ser realizada. Uma coisa é você fazer um evento num lugar controlado. Mas sem controle… Festa de carnaval, festa de réveillon, eu acho que deveria ser proibida, porque há possibilidade da explosão do número de casos. Qualquer festa que você não possa controlar quem vai participar da festa com a comprovação da vacina, acho que não deverá ocorrer.(leia mais abaixo)

Não haverá cobertura vacinal até o carnaval?

Nem pro carnaval. E não é só cobertura vacinal. É a circulação do vírus. Nós vamos ter casos no período que vai haver o carnaval com ou sem festas. Até o carnaval não vamos estar com a população vacinada.(leia mais abaixo)

E a volta gradual do público aos estádios. Qual sua opinião?

Eu acho que é arriscada, mas quem entra no campo é gente vacinada. Quem trabalha é gente vacinada. Você reduz um pouco o risco. É o que está acontecendo na Europa hoje. As pessoas estão indo ao campo de futebol, mas têm que ir com o certificado, com o passaporte da vacina. Acho que alguma coisa a gente tem que abrir nessa panela de pressão, senão explode.(leia mais abaixo)

Há um fim à vista para essa pandemia?

Acho que nós vamos passar o ano que vem inteiro discutindo reforço, terceira dose. O reforço é porque tem gente que perde a produção de anticorpos, principalmente os velhos. É importante que todos recebam reforço o mais rápido possível. E a terceira dose (para os outros) é importante porque passado um tempo, a produção de anticorpos, e a gente está aprendendo isso com todas as vacinas, é menor. Os países mais adiantados no combate à pandemia estão começando a aplicar a terceira dose e já falando numa quarta dose. O ano que vem não vai ser tão ruim quanto este ano, não vamos ter três mil mortes por dia, mas nós vamos continuar tendo casos, mortes. E o maior problema: nós vamos continuar tendo variantes. E o maior temor da variante é ela ter resistência à vacina. Se isso acontecer, vai ser um desastre. Enquanto o vírus está circulando, está produzindo variantes. E não estamos falando só do Brasil. Estamos falando do mundo. Enquanto a África não estiver vacinada, vamos ter produção de variantes lá. E se aparecer uma variante resistente à vacina na África, quanto tempo demora pra chegar no Brasil? Uma semana, cinco dias? É a distância de um voo. Não tem muita saída. Enquanto o mundo não estiver vacinado, o risco do mundo será grande.

Fonte: Campos 24 Horas

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O que ainda falta esclarecer nas suspeitas contra a Prevent Senior

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As suspeitas de que a operadora de saúde Prevent Senior usou pacientes como cobaias em estudos, fraudou dados de mortes por covid-19 e pressionou médicos a prescreverem remédios ineficazes contra a doença podem dar novo fôlego à CPI da Covid, que chegou inicialmente a anunciar a entrega do relatório final para setembro. Com o surgimento das denúncias, os senadores cogitam manter os trabalhos até o final de outubro – o limite da comissão é 5 de novembro. Seu desafio será esclarecer uma série de pontos ainda nebulosos no caso.

As denúncias partiram de um dossiê entregue à comissão, preparado por 15 médicos e ex-médicos da empresa. A Prevent Senior acusa os autores do documento de adulterar informações privadas de pacientes e se diz vítima de uma armação. Em depoimento à CPI, na quarta-feira (22), o diretor executivo médico da operadora, Pedro Benedito Batista Júnior, apontou inconsistências no dossiê, mas também confirmou procedimentos na empresa que corroboram denúncias.

Na quinta-feira (23), o Ministério Público de São Paulo criou uma força-tarefa para investigar o caso. A ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) e o Conselho Federal de Medicina também apuram as suspeitas. Neste texto, o Nexo mostra quais irregularidades já foram confirmadas em depoimentos, entrevistas e por documentos (como prontuários e atestados de óbitos de pacientes) e o que ainda falta ser explicado no caso envolvendo a empresa.

Um estudo sem autorização

O dossiê enviado à CPI aponta que mortes foram omitidas de um estudo da Prevent Senior iniciado em 25 de março de 2020 para avaliar a eficácia da hidroxicloroquina e da azitromicina (um antibiótico) contra a covid-19. Na mesma data, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, havia anunciado a distribuição da cloroquina como uma terapia auxiliar para pacientes hospitalizados com covid-19 em estado grave. A OMS (Organização Mundial da Saúde) abandonaria as pesquisas com a substância, por não encontrar benefícios, em 4 de julho de 2020.

O estudo contou com 636 pessoas, das quais 412 receberam o ‘kit covid’. Seus resultados sugerindo a eficácia da cloroquina começaram a circular na internet em 17 de abril, mas o trabalho só foi publicado num site de pré-prints (estudos não revisados por outros cientistas) em 20 de abril. A conclusão era que a necessidade de hospitalização foi quase três vezes maior entre os que não receberam os medicamentos.

Os pesquisadores citaram apenas duas mortes ocorridas entre os que tomaram os remédios, mas dizem que elas ocorreram devido a uma ‘síndrome coronariana aguda’ e a um ‘câncer metastático’. Uma planilha incluída no dossiê entregue à CPI, porém, aponta nove mortes, das quais seis estariam no grupo que recebeu hidroxicloroquina e azitromicina, e duas, no grupo controle – uma última aparece sem informações.

Em seu depoimento, Pedro Benedito Batista Júnior disse à CPI que os dados fazem parte, na verdade, de um documento observacional – e não de um estudo. Inicialmente, porém, ele foi aprovado como estudo pela Conep (Comissão Nacional de Ética em Pesquisa) em 14 de abril, mas acabou suspenso no dia da sua publicação porque o órgão descobriu que ele tinha começado antes mesmo da aprovação, o que não é permitido. O caso foi enviado ao Ministério Público, que começou a investigá-lo em dezembro de 2020.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o presidente-executivo da Prevent Senior, Fernando Parrillo, também negou que os dados compilados tratavam-se de um estudo científico. ‘Era um acompanhamento observacional de pacientes, uma planilha das doenças e a evolução. Não foi usado placebo nem duplo cego, não foi randomizado, como se deve fazer em trabalhos desse tipo. Não faria sentido fazer uma pesquisa no meio da pandemia. Somos uma empresa privada, paga para salvar vidas’, afirmou.

Segundo ele, o artigo escrito a partir dos dados ‘não prova que essas drogas funcionam porque, para isso, precisaria de pesquisa científica’. Apesar disso, os resultados foram divulgados – e usados politicamente. Ele alegou que a divulgação ocorreu porque a empresa ‘queria ajudar’.

A ligação com Bolsonaro e o ‘gabinete paralelo’

Os resultados obtidos pela Prevent Senior foram divulgados nas redes sociais pelo presidente Jair Bolsonaro (em 18 de abril de 2020) e por seus filhos para defender a cloroquina. Segundo o dossiê enviado à CPI, o estudo foi parte de um acordo da empresa com o presidente para disseminar a substância. Em 21 de março de 2020, Bolsonaro havia ordenado aos laboratórios das Forças Armadas o aumento na produção do medicamento, tradicionalmente usado contra a malária.

O desafio dos parlamentares será provar essa ligação, que é negada pela Prevent Senior. O elo, segundo a CPI, pode estar nos médicos apontados como integrantes de um gabinete paralelo que orientava Bolsonaro a agir na pandemia.

A médica responsável pelo tratamento do médico Anthony Wong, que morreu em decorrência da covid-19 num hospital da Prevent Senior no começo de 2021 sem que a doença constasse em seu atestado de óbito, foi a bolsonarista Nise Yamaguchi, conhecida defensora da cloroquina, segundo apuração da revista Piauí. Ela nega ter tratado Wong.

Os senadores também exibiram na quarta-feira (22) um vídeo do virologista Paolo Zanotto, da USP (Universidade de São Paulo), dizendo que estava desenvolvendo um protocolo para a empresa – o que foi negado por Batista Júnior. Yamaguchi e Zanotto já se reuniram com Bolsonaro para tratar de remédios ineficazes.

Outra linha de investigação diz respeito ao empresário Carlos Wizard, que é apontado como um dos organizadores do gabinete paralelo. O diretor da operadora, Batista Júnior, foi incluído num grupo de WhatsApp pelo empresário, possivelmente para discutir o tratamento precoce. Ele confirmou à CPI que foi colocado no grupo, mas alegou ter se retirado imediatamente por não ter recebido explicações sobre o que se tratava. A Prevent Senior nega qualquer relação com Bolsonaro.

As datas dos dados e mortes

Há também pontos a esclarecer sobre a veracidade das mortes citadas pelo dossiê (e excluídas do estudo) e as datas em que elas teriam acontecido. Segundo Batista Júnior, diretor da Prevent Senior, a análise do estudo compreendia dados levantados no período de 26 de março a 4 de abril de 2020. Nesses dias, apenas duas mortes foram observadas, segundo ele. O trabalho foi publicado em 20 de abril.

Batista Júnior alega que as notícias que vêm sendo divulgadas sobre o caso tiram ‘totalmente de contexto’ o estudo por incluir mortes (apontadas pelo dossiê) que ocorreram após o dia 4 de abril.

Há ao menos duas inconsistências. Uma mulher de 70 anos identificada com as iniciais M.C.O, citada pelo dossiê entre os pacientes mortos que receberam o tratamento precoce, não teria morrido, segundo Batista Júnior. ‘Aquela paciente a que eu dei atenção – M.C.O., 70 anos, feminino – eles colocaram como morta, mas a paciente está viva, e ela passou em consulta agora no último dia 7 de setembro [de 2021] conosco’, afirmou o diretor da Prevent Senior em depoimento à CPI.

Além disso, um homem de 83 anos que aparece com as iniciais R.A.V, também na relação de mortos do dossiê, foi identificado pela GloboNews como sendo Rogério Antonio Ventura, um sapateiro português. Ele morreu em 25 de abril de 2020, data que foge do período analisado no estudo (publicado em 20 de abril).

Em nota, a Prevent Senior afirmou ainda que Ventura ‘não morreu de covid nem de efeitos colaterais medicamentosos, mas de complicações decorrentes de um enfisema pulmonar preexistente’.

A empresa, porém, não explicou por que no prontuário dele, obtido pela GloboNews, consta que ele tomou hidroxicloroquina e azitromicina mesmo que apresentasse problemas cardíacos. Ele não passou por um eletrocardiograma, como determina o protocolo da empresa para pacientes que usam o medicamento. A hidroxicloroquina pode trazer alterações cardíacas, segundo estudos científicos.

As suspeitas de falta de consentimento

Outra denúncia feita pelos médicos e ex-médicos da empresa aponta que pacientes foram medicados com o tratamento precoce sem consentimento. Em mensagem enviada à equipe, incluída no dossiê, um dos diretores da Prevent Senior orienta os profissionais a não avisar os pacientes e familiares sobre a medicação usada no estudo.

‘Iremos iniciar o protocolo de HIDROXICLOROQUINA + AZITROMICINA. Por favor, NÃO INFORMAR O PACIENTE ou FAMILIAR, [sic] sobre a medicação e nem sobre o programa’, dizia a mensagem, divulgada pela GloboNews em 16 de setembro.

O Código de Ética Médica veda ao profissional ‘deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte’. Em relação aos estudos clínicos, também proíbe que ele deixe de ‘obter do paciente ou de seu representante legal o termo de consentimento livre e esclarecido para a realização de pesquisa envolvendo seres humanos, após as devidas explicações sobre a natureza e as consequências da pesquisa’.

No caso do paciente Rogério Antonio Ventura, identificado pela GloboNews e que estava na lista de mortos que tomaram a cloroquina, a empresa afirmou que ‘o paciente citado deu anuência ao atendimento médico prestado como todas as demais pessoas acolhidas’.

O diretor da empresa Pedro Benedito Batista Júnior afirmou à CPI que a ANS instaurou procedimentos ‘no começo, no meio e no final de 2020’ para apurar denúncias semelhantes de irregularidades e concluiu pela ‘inexistência de infração’. Ele disse que poderia apresentar todos os termos de consentimento dos pacientes aos senadores.

Em 17 de setembro, após a revelação do dossiê, fiscais da ANS foram à sede da empresa, em São Paulo, para recolher documentos sobre as suspeitas em torno da falta de consentimento e as denúncias de que a Prevent Senior pressionava médicos a prescrever o tratamento precoce. A agência também fez questionamentos a dezenas de médicos e pacientes sobre os procedimentos da operadora, como parte da investigação.

Segundo Batista Júnior, o dossiê foi feito ‘a partir de dados furtados de pacientes’, com o objetivo de atacar a empresa. ‘O modelo de operação [denúncia dos ex-médicos] chama a atenção, pois os acusadores nunca levaram os dados à Justiça. Sempre tentaram ferir a imagem da Prevent Senior na imprensa com denúncias anônimas e, posteriormente, buscavam contatos com o nosso setor jurídico para firmar acordos’, disse o diretor. A Prevent Senior pediu na segunda-feira (20) à Procuradoria-Geral da República que se apurasse a responsabilidade pelas denúncias.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o presidente-executivo da operadora, Fernando Parrillo, também afirmou que todos os pacientes consentiram com o uso dos medicamentos no estudo. Questionado, porém, sobre a mensagem de um dos diretores da empresa para não avisar o paciente e os familiares sobre os remédios usados, Parrillo se limitou a responder sobre o aviso às famílias. ‘Não queríamos criar uma expectativa grande em relação à hidroxicloroquina, porque não havia a droga em quantidade suficiente à época. Era para evitar um boom de pedidos’, respondeu.

Os casos de fraude nos atestados

A CPI também precisa esclarecer se a omissão da covid entre as mortes era uma prática generalizada pela empresa. Prontuários médicos obtidos pela revista Piauí e pelos próprios senadores da comissão mostraram que, em ao menos dois casos de pacientes mortos em hospitais da Prevent Senior, a covid-19 foi omitida como causa da morte, o que é vedado pelo Código de Ética Médica e pode se configurar crime de falsidade ideológica.

Os dois casos são:

Anthony Wong: conhecido por suas posições negacionistas, o médico foi internado com covid-19 numa unidade da operadora em 17 de novembro de 2020 e morreu em 15 de janeiro de 2021 sem que a infecção constasse como causa oficial. A revista Piauí teve acesso ao prontuário médico de mais de 2.000 páginas e ao atestado de óbito dele.

Regina Hang: mãe do empresário bolsonarista Luciano Hang, da rede de lojas Havan, foi internada em 1º de janeiro de 2021 no hospital Sancta Maggiore, da Prevent Senior, com covid-19 e morreu em 3 de fevereiro de 2021. A doença também não aparece no atestado de óbito. Seu prontuário foi exibido pelos senadores na CPI.

O reconhecimento por Batista Júnior na CPI de que mudanças nos diagnósticos ocorriam sugere irregularidades. Quando os pacientes davam entrada nos hospitais da rede e tinham a infecção por covid-19 confirmada, recebiam o código B34.2, o que faz parte de um protocolo seguido por todos os estabelecimentos de saúde. Esse código é chamado de CID (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde).

Uma orientação interna, que consta no dossiê, determinava que a CID da covid-19 fosse retirada depois de algumas semanas. ‘Após 14 dias do início dos sintomas (pacientes de enfermaria/apto) ou 21 dias (pacientes com passagem em UTI/Leito híbrido), o CID deve ser modificado para qualquer outro exceto o B34.2 (código da covid-19) para que possamos identificar os pacientes que já não têm mais necessidade de isolamento. Início imediato’, dizia a mensagem.

Segundo Batista Júnior, a mudança teria como objetivo ‘identificar os pacientes que já não têm mais necessidade de isolamento’ por conta da covid Para os senadores, isso eliminaria a identificação da doença como causa da morte dos pacientes nos atestados de óbito, alterando as estatísticas de mortes por covid-19 na rede.

Batista Júnior afirmou à CPI que a taxa de óbito de pacientes com covid-19 acima dos 90 anos na Prevent Senior era 29%, abaixo da observada na cidade de São Paulo, que é de 39%. Os senadores consideraram que esse número só foi obtido porque a operadora falsificava os prontuários.

O presidente executivo da empresa, Fernando Parrillo, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo que, embora o CID fosse alterado, a covid-19 constava no atestado de óbito. Tanto Batista Júnior quanto Parrillo, porém, não comentaram os casos de Wong e Hang dizendo que não podem falar de casos específicos de pacientes sem autorização das famílias.

A família de Wong enviou uma nota à revista Piauí: ‘A família informa que não tem poder para alterar nenhuma informação no atestado de óbito e vê com incredulidade a invasão do prontuário. Informa ainda que não existe nada a ser dito e pede que respeite o nome do doutor Anthony Wong.’

Em nota, Luciano Hang afirmou ter total confiança nos procedimentos adotados pela Prevent Senior no tratamento à sua mãe. Ele disse lamentar que ‘um assunto tão delicado seja usado como artifício político’ para atingi-lo, pelo fato de ‘não concordar com as ideias de alguns membros que fazem parte dessa CPI’.

A CPI decidiu ouvir Hang na quarta-feira (29) para explicar o caso de sua mãe. Um dia antes, na terça (28), está marcado o depoimento da advogada Bruna Morato, que representa os autores do dossiê. Ao menos um desses médicos se disse ameaçado e procurou a polícia para fazer um boletim de ocorrência contra o diretor da empresa, Batista Júnior. Outros seis autores do documento ainda trabalham na operadora. Eles procuraram a advogada para pressionar a Prevent Senior a reconhecer que o estudo sobre a cloroquina foi inconclusivo e que a prescrição de medicamentos ineficazes era imposta pela empresa.

Uso e distribuição de cloroquina

A Prevent Senior comprou entre março e junho de 2020 ao menos 1,5 milhão de caixas dos remédios que integram o tratamento precoce, segundo dados enviados pela empresa à CPI. Eles eram distribuídos nas farmácias de seus hospitais ou enviados para a casa dos pacientes atendidos remotamente por telemedicina.

Apesar de os medicamentos não serem indicados para a covid-19 pelas principais entidades médicas do Brasil e do mundo, por não terem se mostrado eficazes em estudos, eles continuam sendo usados pela empresa em 2021. Batista Júnior, diretor da operadora, confirmou à CPI que isso ainda acontece.

O hospital se baseia em uma posição do Conselho Federal de Medicina para defender o uso dos remédios. O posicionamento do órgão sobre o tema está num parecer de abril de 2020 que não foi mais atualizado, apesar de as entidades nacionais e internacionais de saúde terem abandonado estudos com cloroquina por ela se mostrar ineficaz.

O conselho diz, no parecer, que os profissionais devem nortear o tratamento do paciente com covid-19 pelo princípio da autonomia do médico e na valorização da relação médico-paciente. Essa autonomia permitiria ao médico usar remédios fora do que a bula recomenda.

Médicos, porém, se diziam pressionados a prescrever os medicamentos e ameaçados de demissão caso não o fizessem, o que fere a autonomia profissional. A Prevent Senior negou a prática.

Fonte: Nexo Jornal

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Bolsonaro testa negativo e presidente da Caixa, positivo

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O presidente Jair Bolsonaro testou negativo para Covid-19 ontem. Em nota, o Palácio do Planalto destacou que o exame foi realizado pela manhã. A previsão é de que a partir de hoje o chefe do Executivo cumpra a agenda oficial normalmente, ainda em acompanhamento médico. A partir de amanhã, ele fará viagens, assim como ministros da Esplanada, dentro das comemorações dos mil dias de seu governo.

Já o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, que também integrou a comitiva presidencial à 76ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, testou positivo. Ele disse que está assintomático e permanecerá trabalhando em casa.

A comitiva teve outros três casos de infecção de Covid. O primeiro foi um diplomata que preparou a viagem de Bolsonaro. Depois, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, foi diagnosticado e passa por isolamento na cidade americana. O outro foi o filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Três outros ministros que também integraram a comitiva presidencial informaram ontem que testaram negativo. Pelas redes sociais, os ministros da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos; do Turismo, Gilson Machado; e da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, confirmaram que não foram infectados.

No último dia 29, o secretário de comunicação do Palácio, André Costa, divulgou as diretrizes a serem adotadas pelo governo após a contaminação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. O grupo foi orientado a permanecer em isolamento por 14 dias, seguindo o Guia de Vigilância da Anvisa. Contudo, no quinto dia após o último contato com Queiroga, a comitiva realizaria um novo teste PCR e, caso o resultado fosse negativo, seria liberada do isolamento, permanecendo em acompanhamento médico até o 14º dia. (Correio Braziliense e Agência Brasil)

Fonte: Diário de Pernambuco

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É enganosa conexão entre distribuição de ivermectina e controle da pandemia em estado da Índia

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Conteúdo verificado: Postagem no Twitter mostra imagens de gráficos e matéria do jornal indiano Hindustan Times afirmando que 33 distritos do estado de Uttar Pradesh estão livres da covid-19. Ainda neste tuíte, a autora menciona que neste estado foi distribuído ‘um remedinho para verme’, fazendo alusão ao vermífugo ivermectina. No entanto, na matéria do jornal indiano não é feita nenhuma relação entre a diminuição das mortes e o uso do remédio, apenas a vacinação é mencionada na matéria.

É enganosa uma postagem no Twitter que sugere que a ivermectina seria responsável pela queda do número de casos e mortes por covid-19 no estado de Uttar Pradesh, na Índia. Embora autoridades locais de saúde tenham adotado um protocolo com o medicamento, os potenciais benefícios clínicos e preventivos do remédio ainda não foram comprovados em estudos científicos bem estruturados.

Segundo especialistas consultados pelo Comprova, isso faz com que a associação do vermífugo ao declínio da transmissão do coronavírus no estado indiano seja uma ‘falácia’. Afinal, outros aspectos epidemiológicos podem ter influenciado no quadro da pandemia em Uttar Pradesh.

Com mais de 2 mil interações no Twitter, a postagem enganosa mostra uma matéria publicada em 10 de setembro no jornal Hindustan Times. O artigo cita que 33 distritos de Uttar Pradesh não registravam casos ativos de covid-19 naquela data e ressalta o avanço da vacinação no país. Não há qualquer menção à ivermectina ou outras substâncias, além dos imunizantes contra a doença.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras agências sanitárias do mundo não aconselham ou se posicionam contrárias ao uso do medicamento fora de ensaios clínicos. Justamente porque faltam evidências confiáveis, de estudos adequados, para definir se a ivermectina traz algum benefício a pacientes com covid.

A reportagem do Comprova questionou o Ministério da Saúde da Índia e com o Governo de Uttar Pradesh sobre a distribuição do vermífugo para a população, mas até a publicação desta matéria não teve retorno.

O Comprova considerou a postagem enganosa pois é um conteúdo que usa dados imprecisos, já que a matéria citada no tuíte não menciona o uso do vermífugo ao relatar a diminuição de casos e mortes de covid-19.

COMO VERIFICAMOS?

O Comprova realizou uma busca reversa no Google para localizar as imagens do tuíte verificado. Depois disso, buscou matérias em portais de notícias da Índia sobre a situação da pandemia, a vacinação e a distribuição de ivermectina no país (aqui, aqui, aqui e aqui).

Também conversou com o médico infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) André Siqueira e com o médico e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia Julival Ribeiro. O Comprova também contatou a International Fact-Checking Network (IFCN), para auxiliar na busca por matérias que atualizassem a distribuição da ivermectina na Índia.

Além disso, entrou em contato com o Ministério da Saúde da Índia e com o Governo da Uttar Pradesh, via e-mail, mas não recebeu retorno até o fechamento deste material. A reportagem do Comprova não conseguiu entrar em contato com a autora do tuíte, já que não é possível enviar mensagem direta no em seu perfil no Twitter.

O Comprova fez esta verificação baseado em informações científicas e dados oficiais sobre o novo coronavírus e a covid-19 disponíveis no dia 24 de setembro de 2021.

VERIFICAÇÃO

Covid-19 na Índia

Os gráficos sobre a vacinação apresentados na publicação verificada foram extraídos do Google. A plataforma de buscas digitais compila dados coletados pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, que tem sido uma referência de informações epidemiológicas sobre a pandemia.

Segundo país mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes, a Índia bateu recordes de infectados e mortos por covid-19 em maio e junho deste ano. Essas marcas foram responsáveis pelo colapso no sistema hospitalar do país. O país asiático acumula 445.385 mortes em decorrência da doença, de acordo com levantamento do governo indiano.

Depois de sofrer duras críticas pela posição adotada no enfrentamento à pandemia, o governo da Índia iniciou em junho uma campanha nacional e gratuita para a vacinação de todos os adultos. Desde então, a média de doses aplicadas diariamente tem sido positiva no país, que chegou a bater o recorde de 10 milhões de doses aplicadas em um único dia. O primeiro-ministro do país, Narendra Modi, comemorou em uma rede social o número atingido.

Atualmente, cerca de 45% da população indiana já foi vacinada contra a covid-19, sendo 16% totalmente vacinada e 29% vacinada parcialmente, com apenas uma dose, de acordo com o Our World in Data.

Até o momento, Uttar Pradesh é o estado que mais vacinou pessoas na Índia. Dados disponibilizados pelo governo mostram que mais de 97 milhões de pessoas, ou seja, cerca de 47% da população do estado, já foram vacinadas com ao menos uma dose da vacina, enquanto mais de 17 milhões estão com o esquema vacinal completo.

Em Uttar Pradesh, mais precisamente na cidade de Agra, está localizado o Taj Mahal.

Indicação da ivermectina

A curva de infecções em Uttar Pradesh ganhou tração em abril de 2021, atingiu um pico de mais de 30 mil casos diários no final do mesmo mês, até recuar a um patamar de menos de 200 registros diários a partir de junho. Os dados do estado são usados de forma inadequada para defender o uso da ivermectina contra a covid-19 porque autoridades locais aplicaram um protocolo medicamentoso com a substância.

Desde 2020 a Índia possui um protocolo para o uso da ivermectina – bem como a hidroxicloroquina – no tratamento de pacientes com covid-19. O medicamento, que é indicado para doenças parasitárias, foi amplamente distribuído pelos distritos do estado de Uttar Pradesh. Apesar de não ter obtido resposta das autoridades sanitárias e governamentais da Índia, a reportagem do Comprova listou em ordem cronológica as autorizações ao uso da ivermectina para o combate a covid-19 no país, de acordo com a mídia internacional.

Maio de 2020: No site do Governo de Uttar Pradesh é disponibilizado um documento que oferece orientações sobre o uso da ivermectina como tratamento para a covid-19. O documento é datado de maio de 2020.

Agosto de 2020: De acordo com o The Indian Express, em 6 de agosto de 2020 o Departamento de Saúde de Uttar Pradesh introduziu a ivermectina como uso profilático para contatos próximos de pacientes contaminados e profissionais de saúde através de uma ordem governamental.

Junho de 2021: O Governo de Uttar Pradesh iniciou uma campanha de distribuição de kits de medicamento de acordo com a idade e pesagem dos pacientes. Os kits tinham comprimidos de paracetamol, pacotes de SRO, multivitaminas e comprimidos de ivermectina, de acordo com o Times Of India.

Agosto de 2021: O distrito de Lucknow, capital do estado de Uttar Pradesh, instalou quiosques para distribuição de ivermectina para a população. As autoridades locais indicam que os comprimidos devem ser administrados com base nos sintomas do infectado, de acordo com matéria do Hindustan Times.

Apesar da ampla divulgação da ivermectina como tratamento profilático no estado de Uttar Pradesh, o próprio governo indiano descreve o vermífugo como uma ‘terapia baseada na baixa certeza de evidência’ em documento disponibilizado pelo Conselho Indiano de Pesquisa Médica, órgão que aconselha as decisões do governo sobre a pandemia.

‘Falácia epidemiológica’

Para o médico infectologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), André Siqueira, a análise compartilhada na postagem é uma ‘falácia epidemiológica’. Ele explica que até o momento as principais evidências científicas indicam que a ivermectina não traz nenhum benefício clínico para pacientes com covid ou na prevenção da doença.

‘Diversos fatores que não foram controlados podem estar relacionados. Não é possível dizer que foi o uso da ivermectina’, aponta o especialista.

Siqueira cita que a evolução dos dados da pandemia no estado indiano poderia sofrer a interferência de medidas restritivas de circulação ou mesmo da imunidade adquirida pelas pessoas infectadas e já recuperadas, cuja duração ainda é incerta para a ciência.

O estado de Uttar Pradesh instituiu lockdowns para conter a pandemia entre abril e junho de 2021, mostra esta matéria do India Today. Outras reportagens mostram que, em setembro, autoridades flexibilizaram um toque de recolher vigente no estado e relaxaram restrições a números de convidados em casamentos.

O médico e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Julival Ribeiro, concorda que a associação do número de casos com um suposto efeito da ivermectina é insustentável. De acordo com ele, a forma adequada para avaliar os benefícios e segurança de um medicamento é por meio de ensaios clínicos randomizados duplo cego.

Neste tipo de estudo, voluntários são divididos em dois grupos: o primeiro recebe a terapia com o medicamento avaliado na pesquisa, o outro é submetido ao protocolo padrão ou recebe placebo (substância sem efeito). Os pesquisadores aplicam uma série de técnicas para minimizar ao máximo a possibilidade de fatores externos influenciarem nos resultados.

Eles estabelecem critérios rigorosos para selecionar pacientes, com o intuito de garantir que os voluntários presentes nos dois grupos tenham características mais similares possíveis. Nos estudos ‘duplo-cego’, nem pacientes, nem os médicos que aplicam o tratamento sabem quem tomou o medicamento e quem recebeu placebo.

‘Não há indicação para uso da ivermectina contra a covid. O que sabemos é que quando você aumenta a cobertura de vacinação há um efeito na redução de hospitalizações e mortes pela doença’, destaca Julival Ribeiro.

Faltam evidências que comprovem o benefício da droga

Estudos laboratoriais com ivermectina mostraram um potencial efeito do fármaco contra o novo coronavírus em células animais. Como explicou o Comprova em verificações anteriores, os resultados observados nesse tipo de teste nem sempre são confirmados em ensaios clínicos com pacientes. Isso porque o organismo humano é muito mais complexo e envolve condições que não podem ser reproduzidas no laboratório.

No decorrer da pandemia, surgiram evidências contra e a favor de protocolos com a droga no tratamento da covid, mas as pesquisas conduzidas até o momento sofrem de limitações metodológicas que impedem os resultados conclusivos. Uma pesquisa que sugeriu resultados milagrosos da ivermectina contra a covid, por exemplo, foi retirada de uma plataforma de pré-publicação sob acusações de manipulação de dados pelos autores.

O painel de evidências dos Institutos de Saúde dos Estados Unidos (NIH) diz não recomendar contra nem a favor do uso do remédio. De acordo com o órgão, são necessários mais dados de ensaios clínicos bem conduzidos e estruturados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) também afirma que as evidências são inconclusivas.

Até que mais informações estejam disponíveis, a entidade recomenda que o tratamento seja usado exclusivamente em ensaios clínicos. Também não há qualquer orientação para uso da droga de forma preventiva.

Julival Ribeiro destaca que um estudo recente indicou que a ivermectina não demonstrou capacidade de reduzir mortes ou tempo de hospitalização de pacientes com covid moderada. O especialista lembra que uma pesquisa ainda em andamento conduzida pela Universidade de Oxford deve fornecer dados sólidos sobre a questão.

O mesmo estudo já testou a eficácia de outros tratamentos para covid e não encontrou, por exemplo, benefícios do antibiótico azitromicina. Ribeiro alerta que a automedicação com ivermectina pode ser perigosa.

‘Temos relatos de pessoas que tiveram problemas hepáticos [no fígado] por uso contínuo do medicamento’, alerta o especialista.

POR QUE INVESTIGAMOS?

Em sua quarta fase, o Comprova verifica conteúdos suspeitos sobre pandemia, políticas públicas do governo federal e eleições. O tuíte verificado aqui teve mais de 2,8 mil interações entre curtidas e retuítes.

Conteúdos que induzem o público a desacreditar na eficácia das vacinas ou incentivar o uso de medicamentos sem eficácia comprovada são perigosos porque podem levar a população a colocar a saúde em risco.

Assim como o Comprova que já verificou posts que mostram que estudo é insuficiente para comprovar eficácia da ivermectina, veículos como o Aos Fatos e o Estadão também verificaram publicações sobre o vermífugo.

Enganoso é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Fonte: A Gazeta Online ES

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Em 1.000 dias, Bolsonaro cumpre parte de plano econômico e abandona promessas

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Com 1.000 dias de governo completados neste domingo (26.set.2021), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) conseguiu cumprir promessas de campanha da área econômica, mas vê o aumento de preços frustrar o crescimento do país. Os efeitos da pandemia pesaram no plano de conduzir o país no rumo de um ‘crescimento com inflação baixa’, como proposto no plano de governo de Bolsonaro em 2018.

Os feitos de maior destaque em quase 3 anos de governo são a aprovação da reforma da Previdência, da autonomia do Banco Central e os avanços nas privatizações -mesmo que este último tenha vindo bem depois do previsto pelo ministro Paulo Guedes (Economia).

O Congresso aprovou a privatização da Eletrobras, uma ideia que não avançou no governo de Michel Temer (MDB). Agora, o Legislativo analisa a privatização dos Correios. Em outras áreas, algumas medidas conquistadas foram aprovadas pelo Congresso de maneira ‘desidratada’, como o pacote anticrime e as mudanças no Código de Trânsito Brasileiro.

O Poder360 selecionou as principais diretrizes do plano de governo do presidente e as promessas anunciadas por Bolsonaro na época da campanha, em 2018.

Não deu

Inflação: o indicador disparou. O presidente afirma que ‘o mundo todo vive um aumento de preços’ por causa da crise sanitária provocada pelo coronavírus. Em agosto, o IPCA (Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo) acelerou no acumulado de 12 meses, alcançando 9,68%. A prévia da inflação em setembro, o IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), ficou em 1,4%, o maior percentual para o mês desde 1994.

Redução de ministérios: na campanha, Bolsonaro disse que teria 15 ministérios. Hoje tem 23. O presidente conseguiu extinguir órgãos e criar o superministério da Economia no início do mandato, mas neste ano recriou o Ministério do Trabalho e Previdência. Em 2020, já havia recriado também o das Comunicações.

Código Penal: o chefe do Executivo falhou em articular a aprovação da redução da maioridade penal. Também não conseguiu acabar com o sistema de progressão de penas e as saídas temporárias.

Escolas militares: a meta do presidente é ter uma escola militar por Estado. Ainda não conseguiu. Em 2019, o governo criou o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares, uma iniciativa do Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Defesa. A adesão dos governos locais ao programa é voluntária e ainda não chegou a todos os Estados. A pandemia de covid-19 retardou o processo, mas a meta é implementar o modelo em 216 escolas em todas as unidades da Federação até 2023.

Conquistas parciais: o governo criou a Carteira Verde e Amarela para jovens, que vigorou por quase 5 meses, mas foi revogada. O 13º do Bolsa Família também foi pago, mas apenas em 2019.

Em andamento

Reformas: ainda no 1º ano de mandato de Bolsonaro, foi aprovada a reforma da Previdência. O governo busca avançar no Congresso com as reformas tributária e do IR (Imposto de Renda), mas enfrenta resistência.

Renda mínima: o governo quer avançar em melhorias no Bolsa Família por meio do Auxílio Brasil. O Executivo ainda não definiu um valor para o benefício, mas espera colocar em prática o novo programa em novembro.

Pauta armamentista: o presidente editou uma série de decretos para facilitar o acesso a armas e munições. Parte das normas, contudo, foi suspensa e está sendo analisada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Reeleição

Bolsonaro desistiu da ideia de acabar com a possibilidade de reeleição e não se esforçou para apoiar uma reforma política que diminua o número de cadeiras no Legislativo. Em 20 de outubro de 2018, o então candidato à Presidência disse querer acabar com a possibilidade de reeleição, começando por ele próprio, além de reduzir ao menos 15% o número de cadeiras no Congresso.

‘O que eu pretendo fazer, vou conversar com o Parlamento também, é ter uma excelente reforma política. Acabar com o instituto da reeleição. No caso, começa comigo se eu for eleito. E diminuir um pouco em 15% ou 20% a quantidade de parlamentares e também nós termos um sistema eletrônico de votação confiável que possa ser auditado’, disse na época.

Em baixa nas pesquisas de intenção de voto e ainda sem um partido, Bolsonaro evita falar diretamente que disputará as eleições, mas faz viagens pelo país em tom de campanha.

Fonte: Poder 360

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Dólar sobe, risco-país desce e PIB anda de lado em 1.000 dias de Bolsonaro

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) chega ao milésimo dia de governo neste domingo (26.set.2021). Alguns dos principais indicadores econômicos estão hoje piores do que estavam quando Bolsonaro assumiu a Presidência -sob a influência direta da pandemia. O Poder360 comparou os últimos dados disponíveis na atual gestão e os números do fim do mandato do ex-presidente Michel Temer, do MDB.

Se, por um lado, o Ibovespa, principal índice da B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), seguiu os índices globais e subiu com Bolsonaro no comando, por outro, indicadores que deveriam permanecer mais baixos dispararam.

É o caso da inflação. Em dezembro de 2018, no fim do governo Temer, o IPCA (Índice Nacional de Preços do Consumidor Amplo) marcava 3,75% no acumulado de 12 meses. Em setembro de 2021, no governo Bolsonaro, a taxa acelerou e alcançou 9,68%.

O dólar também seguiu o ritmo crescente. Em 31 de dezembro de 2018, a moeda estava cotada a R$ 3,88. Já no fechamento do mercado em 24 de setembro de 2021, na última 6ª feira, a moeda bateu R$ 5,34.

Eis o comparativo de como está a economia depois de 1.000 dias de governo Bolsonaro em relação aos últimos dias do governo Michel Temer:

O ex-secretário do Tesouro Carlos Kawall e o especialista em contas públicas da Tendências Consultoria Fabio Klein analisaram, em entrevista, a evolução dos indicadores caso a caso. Leia os destaques do que eles disseram:

PIB

Kawall – ‘Neste ano, a gente provavelmente volta ao PIB prévio da pandemia. O PIB hoje é inferior ao que tínhamos no pré-pandemia. É um crescimento acumulado muito baixo. A comparação fica prejudicada pela pandemia. A gente não tem uma boa régua para comparar desempenhos econômicos prévios da pandemia com os da pandemia’;

Klein – ‘Desde o Temer, a economia tem característica de ser menos puxada pelo setor público e muito mais pelo setor privado. E 2020 foi marcado pela crise da pandemia (?) mesmo assim, o Brasil foi o que teve a menor queda, e parte disso tem a ver com a política de combate à pandemia, tanto fiscal quanto creditícia’.

Taxa de desemprego

Kawall – ‘Mercado de trabalho está bem pior do que estava no final de 2018. A característica dessa crise é que o PIB até vai voltar, no final do ano ou início do ano que vem, ao nível prévio. Mas o emprego não. A crise pega muito fortemente o setor de serviços, que é muito empregador. Vai demorar mais para se recuperar, e o setor de bens que explodiu na pandemia é menos empregador. Essa volta do PIB com uma composição diferente, e desfavorável aos serviços, é destruidora de empregos’;

Klein – ‘Não estamos conseguindo sair do patamar de 14%, tornando difícil um mercado de trabalho mais robusto. Tivemos medidas do Temer que tentaram avançar, como a reforma trabalhista, e também algumas tentativas de Bolsonaro que não vingaram, como a carteira verde e amarela. Ainda que tenham tido alguma tentativa, nada vingou. A medida mais concreta foi a desoneração da folha’.

Inflação

Kawall – ‘O cenário é claramente pior. Em 2019, 2020 e 2021 tivemos uma inflação muito maior do que em 2016, 2017 e 2018, que foram anos de inflação na média baixa. Esse foi um destaque do governo Temer, que não teve um crescimento muito expressivo, mas por outro lado a gente passou a ter uma taxa de juros muito mais baixa, uma inflação mais baixa. Em 2021 a gente caminha para uma inflação de 8,7%, mas já acumulou no ano uma taxa inflacionária muito alta, acima dos anos anteriores. Afeta a população de baixa renda e leva o Banco Central a ter que subir os juros’;

Klein – ‘A inflação que acontece no Brasil acontece no mundo inteiro, mas no Brasil está um pouco mais intenso. Aqui, começou a dar sinais de crescimento em meados do 2º semestre de 2020. Vinha caindo e, a partir daí, começa a subir de novo’;

Dólar

Kawall – ‘Você praticar juros estruturalmente mais baixo é um processo que veio do governo Temer e se consolidou até esse momento no governo Bolsonaro. Com juro estrutural mais baixo, a sua moeda tende a ser mais baixa. O lado vicioso é o dólar subir por conta do aumento do risco fiscal, e aí tem esse flerte com o populismo fiscal. No momento do ano em que o risco político foi menor, no 2º trimestre, nós tivemos um dólar recuando para baixo de 5. Então isso é o que seria de se esperar se não houvesse um risco político em elevação’

Klein – ‘O nosso câmbio depreciou mais que o de outros pares. As características do Brasil mostram que não estamos resolvendo alguns problemas, que têm a ver com a política. Têm a ver com o fato de que – do ponto de vista do investidor estrangeiro – se a economia cresce pouco, com taxa de juros baixa e fraca, ainda com riscos estruturais e políticos, o risco-retorno do Brasil não fica tão vantajoso’.

O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes (à esquerda), durante posse do novo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (à direita), em fevereiro de 2019 Marcos Corrêa/PR – 28.fev.2019

Juros

Kawall – ‘Os juros vão ter que subir para níveis maiores do que os que o governo Temer entregou. É inevitável que essa história negativa no campo da inflação e do juro também afete a oferta de crédito’;

Klein – ‘O Banco Central vinha numa política flexível. Mas a inflação ganhou força e agora estamos correndo atrás do prejuízo. O IPCA-15 só confirmou que temos que aumentar juros mesmo. Demanda reprimida, reação da atividade econômica, mas mercado de trabalho e economia abaixo do potencial de crescimento’.

Dívida pública

Kawall – ‘Em 2019 houve o 1º recuo da relação dívida/PIB desde o governo Dilma, quando a gente teve a explosão da dívida. Veio a pandemia e ela sobe mais, mas no final de 2021, a expectativa é que ela vá se situar em 82% do PIB. Um nível que é 5 ou 6 pontos percentuais do PIB acima do pré-pandemia, o que é extremamente surpreendente, dado os deficits que tivemos em 2020’;

Klein – ‘Em 2020, explodiu. Se prioridade número 1 é abaixar a curva de contágio, no Brasil, a número 2 é baixar a curva da dívida. Já era elevada, está mais ainda. Combinada com inflação, juros, câmbio, o serviço da dívida será mais pesado. Por enquanto, não estamos vendo sinais animadores em termos de reformas fiscais novas. Pelo contrário, flexibilização de regras, o que não gera segurança’.

Produção de veículos

Kawall – ‘A gente tem uma situação muito anômala porque não tem nem oferta suficiente para atender a demanda, por conta da cadeia de suprimentos. Num 1º momento isso não é um problema. Mas será assim que essa cadeia se normalizar’;

Klein – ‘O que estava sendo positivo para o consumo de bens duráveis, com taxa de juros baixa e crédito, agora está saindo do radar. Perspectiva para 2022 tem sido cada vez pior. Esses fatores pioram a perspectiva de crescimento’.

Saldo da balança

Kawall – ‘Evolução é positiva. Em 2019, a gente estava com um deficit externo bastante elevado, aí vem pandemia, alta de preço de commodities e hoje estamos com deficit em conta corrente inferior a 1% do PIB. Houve um progresso, as contas externas estão muito boas’;

Klein – ‘A balança comercial está se valendo muito da questão das commodities, do superciclo de commodities. Isso ajudou muito a balança’.

Litro da gasolina e botijão de gás

Kawall – ‘É um preço político em quase todos os lugares do mundo, especialmente quando você tem o suprimento por empresa estatal. O grande problema é o dólar. O preço lá fora subir e descer é natural. Mas, normalmente quando os preços sobem, as moedas emergentes desvalorizam. Então há um contraponto que não está acontecendo dessa vez por conta, em grande medida, desse componente de risco. Há uma questão de alta do custo energético que é global. Está afetando muito a Europa, preço de gás natural subindo, custo de energia subido muito. Inclusive alguns governos estão subsidiando o custo da energia na Europa’.

Klein – ‘Com a mudança de administração na Petrobras e a tentação de interferir nos preços, como na redução de PIS/Cofins, há a característica de intervenção politica e estatal numa empresa que é S.A. Se tem ação na Bolsa, esse movimento não ajuda. Está tendo problema de alta de preço. Mas tem um componente externo importante: o câmbio. E o câmbio reflete a política. Então, o tiro pode acabar saindo pela culatra. Com o governo pressionado, movimentos populistas afastam a responsabilidade fiscal’.

BOLSONARO: ‘ECONOMIA NÃO VAI PARAR’

Em uma de suas mais recentes declarações, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que a economia brasileira ‘não pode e não vai parar’. Deu a declaração em 18 de setembro, em Brasília. O chefe do Executivo acrescentou que a equipe de ministros vai ‘muito bem’ e fez uma analogia com o futebol para descartar uma troca de ‘técnico’.

‘Nossa economia não pode e não vai parar. [Quero] dizer a vocês, a gente faz analogia com futebol, quando um time não está indo bem, a gente pensa logo em trocar o técnico. O meu time está indo muito bem’, declarou.

Fonte: Poder 360

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Conheça a marca brasileira de clean beauty reconhecida internacionalmente pelo minimalismo

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Circunstâncias diferentes levaram Patrícia Camargo e Luciana Navarro a conhecerem o mundo da beleza limpa. Mas foi uma condição de saúde de Luciana que levou as amigas a se tornarem sócias e cofundadoras da Care Natural Beauty. A história do negócio começou quando a empresária desenvolveu uma gestação molar (quando um tumor benigno se forma no útero como resultado de uma gravidez não viável) e precisou passar por sessões de quimioterapia, sendo proibida de usar maquiagem convencional. Foi o estalo para criar, em 2018, uma marca com itens de maquiagem e skincare livres de toxinas e metais pesados. Desde então, a Care Natural Beauty já foi escolhida para o programa de aceleração da Sephora, em São Francisco (EUA), e apareceu ao lado de marcas internacionais em um relatório do WGSN que apontava o minimalismo entre tendências para o futuro do mercado de beleza.

Ainda não se sabe quais serão os impactos definitivos da pandemia e dos períodos de isolamento social nos hábitos de consumo da população, mas estudos de tendência mostram que a crise sanitária ajudou a acelerar inclinações que já despontavam antes, como o cuidado com o meio ambiente por meio de um consumo mais consciente. Tudo a ver com a proposta da Care Natural Beauty: oferecer produtos simples, mas potentes e multifuncionais. ‘Não lançamos a marca para um nicho, mas para o equilíbrio. É um convite para que as pessoas experimentem a beleza limpa e percebam que não deixamos a desejar para os itens convencionais de tratamento e maquiagem’, diz Patrícia.

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Assim como as ondas da pandemia se refletiram por aqui com certo atraso em relação ao restante do mundo, a febre do skincare também pegou forte no Brasil após bombar na Europa e nos Estados Unidos. As complexas rotinas de pele seguidas a risca pelas sul-coreanas invadiram os perfis de Instagram de influenciadoras digitais brasileiras quando o mundo já pensava em passos mais enxutos e personalizáveis, seguindo o denominado skinimalism (junção das palavras em inglês skin e minimalism, ou pele e minimalismo em português).

É verdade que pequenas produtoras nunca deixaram de existir e oferecer seus cremes e sabonetes feitos a partir de uma criação artesanal com óleos essenciais, ervas e outros ingredientes naturais, mesmo quando grande parte das brasileiras só se preocupava em lavar o rosto, muitas vezes com sabonetes inapropriados para a pele da região. Entretanto, esses produtos artesanais não costumavam furar as bolhas locais de pequenas feiras e atraíam, principalmente, o público vegano. Agora, as estrelas parecem se alinhar: o consumidor está mais antenado e criterioso, o mercado está interessado na alta demanda por skincare, o que atrai investimentos, e a tecnologia disponível potencializa os efeitos. O clean beauty, uma realidade no mundo, ganha força no Brasil.

E as cofundadoras da Care Natural Beauty vão além. Mais do que clean beauty, denominam seus produtos orgânicos, veganos e 100% livres de toxinas como high clean beauty, prometendo eficácia e alta performance. ‘Como não temos o respaldo de um guia oficial que realmente aponte os limites para as formulações seguras, não adotamos nenhum ativo tóxico, metal pesado ou potenciais causadores de doenças. Enquanto a Anvisa permite o uso de alguns ingredientes, para nós, se uma pessoa grávida ou imunodeprimida não puder usar o produto, precisamos reformular’, explica Luciana.

Logo após o lançamento, a Care participou do programa de aceleração Sephora Accelerate em São Francisco. Depois de muitas etapas, conquistou uma das 15 vagas para mostrar seus produtos para grandes nomes da indústria de cosméticos, recebendo elogios pelo uso de ingredientes naturalmente brasileiros como açaí e pracaxi. A empresa recebeu o primeiro investimento-anjo no ano passado. ‘Começamos com nosso próprio capital e hoje estamos alcançando patamares em que não esperávamos chegar tão rápido’, afirma Patrícia. Comparado com 2019, a marca registrou crescimento de 370% em 2020. Nativa digital, tem 90% de suas vendas no e-commerce e 10% provenientes das revendas nos parceiros Sephora e Slow Beauty.

Segundo a Care, sua cadeia produtiva é 100% rastreada, sem exploração humana, animal ou ambiental. Os produtos, certificados pela IBD Ingredientes Naturais, são livres de toxinas e metais pesados. ‘É um desafio grande porque muitos ativos vêm de produtores locais. Precisamos ajudá-los a se estruturar, a ter um manejo da terra com o cuidado apropriado para não deixar rastro negativo no caminho. É um aprendizado para todos no processo e é importante fomentar esse mercado, profissionalizar esses pequenos produtores. Há muito trabalho a ser feito e é uma grande oportunidade para o Brasil’, diz Luciana.

Com mais frequência do que gostariam, porém, as cofundadoras precisam importar os ativos nacionais, encontrados apenas com fornecedores estrangeiros – uma vez que, para os produtores, é mais vantajoso vender, em maior quantidade, para o mercado internacional – como o óleo extraído da casca da laranja e o amido da mandioca, usado para dar acabamento matte em batons. ‘Existem entraves no volume de produção. Prezamos muito pela segurança e pela performance e, por isso, acabamos tendo que importar o que é daqui. Não há incentivo e os produtos de pior qualidade ficam para o mercado interno. Mas temos um olhar otimista sobre o surgimento de mais oportunidades’, confessa Luciana.

A dupla já se conhecia antes da formação da Care, mas nunca imaginou que um dia atuaria profissionalmente como parceiras de negócio – ou sócias-lindas, como se chamam. Apaixonada pelo universo da beleza e da maquiagem, a advogada de formação Patrícia acreditava que havia conquistado o emprego dos sonhos quando entrou para o departamento jurídico de uma multinacional do segmento. Mas diz que foi lá que conheceu o lado B da indústria, das toxinas e do quanto elas impactam a saúde dos consumidores. Passou a sonhar com a possibilidade de ter no Brasil os produtos de clean beauty que já encontrava no exterior, mas engavetou a vontade pelas dificuldades de empreender sozinha.

Já Luciana empreendia desde os 23 anos e levou sua empresa de live marketing para eventos corporativos, criada da sala da casa dos pais, para um escritório na Berrini (importante centro empresarial de São Paulo) e para a internacionalização. A partir da maternidade, começou a perceber que a loucura profissional estava ficando incompatível com o que vislumbrava para o futuro. Veio ainda a gestação molar, quando teve o uso de uma série de produtos vetado pelos médicos. ‘Sempre tive cuidado com a alimentação, mas nunca havia pensado que também nos alimentamos pela pele. Conheci então marcas de formulação limpas’, relembra.

Enquanto Luciana passava por um sabático, afastada das funções da empresa para focar no tratamento, encontrou Patrícia em um jantar entre amigos. Naquela noite, abriram o coração sobre seus anseios e dúvidas sobre a vida profissional. Após um ano viajando por Estados Unidos e Europa para conhecer e desenvolver formulações com um time multidisciplinar formado por dermatologistas, maquiadores e químicos, a dupla teve a segurança de lançar a Care. ‘Repensar o consumo é algo geral. Uma vez que você inicia esta caminhada, invariavelmente acaba esbarrando em todas as áreas da vida, não importa por onde começa. O olhar fica mais aguçado’, diz Luciana. ‘Não somos ativistas, radicais. Procuramos fornecer informação de qualidade e, a partir disso, cada um faz as suas escolhas.’

No início deste ano, a Care foi reconhecida como marca minimalista pelo WGSN, empresa referência de previsão de tendências de consumo, citando consumidores ‘preocupados com rotinas que maximizem eficiência e eficácia por meio de produtos multifuncionais que são melhores para a pele, o planeta e o bolso’.

Neste ano, a Care deve lançar mais dois produtos, incluindo o retorno de um item desenvolvido especialmente para as crianças, inspirado em Valentina, 8 anos, filha de Luciana.

Fonte: Forbes Brasil

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Síndrome pós-covid infanto-juvenil pode aparecer até 6 semanas após infecção

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Um levantamento da Secretaria de Saúde do Distrito Federal revelou que, de janeiro a 20 de setembro deste ano, foram notificados 15 casos de Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), conhecida também como a síndrome pós-covid, em crianças e adolescentes.

A síndrome ocorre quando o organismo desenvolve uma resposta inflamatória sistêmica significativa, manifestada após contaminação com o novo coronavírus ou contato próximo com caso confirmado da covid-19. Apesar de ser considerada rara, ela pode ser grave em alguns casos.

‘Daí nasce mais um motivo para investirmos na vacinação de toda a população e avançarmos na vacinação dos adolescentes e, mais para frente, quando a Anvisa liberar, na imunização das crianças. Apesar de a doença nelas evoluir de forma leve, não deixa de ser preocupante e não descarta a possibilidade de haver quadros graves, incluindo óbitos’, destaca a infectologista Ana Helena Germoglio.

Dos 15 casos registrados em 2021 no DF, sete são do sexo feminino e oito do masculino. Foram sete registros em crianças de 0 a 4 anos; sete em meninos e meninas de 5 a 9 anos; e um caso na faixa etária entre 10 e 14 anos. Não houve mortes neste ano, mas, em 2020, uma adolescente de 17 anos morreu.

A situação preocupa também a técnica de enfermagem Valeria Cavalcante de Melo, 46, e o bancário Laerte Cavalcante de Melo, 48, pais de Mel, 8, que aguarda a oportunidade de se vacinar. ‘Ela está correndo risco, porque está indo para a escola. No colégio, eles tomam muito cuidado, é tudo sempre esterilizado. Mas são crianças, a gente orienta, mas é mais difícil, e isso preocupa’, pontua Valéria, que tem mais duas filhas, uma de 21 e outra de 13, ambas vacinadas com a primeira dose.

De acordo com a pneumologista e vice-presidente da Sociedade de Pediatria do DF, Luciana de Freitas Velloso Monte, ainda não há uma forma de evitar a SIM-P. ‘Nós sabemos que é um estágio hiper inflamatório, mas não tem nada que possamos oferecer em relação à prevenção para uma criança que tem covid-19 e pode desenvolver a síndrome depois’, afirma.

‘É possível ficar atento ao diagnóstico, para que seja rápido, precoce e que ela tenha o suporte necessário’, completa. Em geral, a criança pode desenvolver o quadro até seis semanas depois da testagem positiva.

Alta de casos

Nesse sábado (26/9), a chuva que refrescou o Distrito Federal ao longo da manhã não foi suficiente para desanimar os brasilienses, que foram até os postos. Segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde, até agora, 2,17 milhões de pessoas receberam a primeira dose de imunizantes; 1,1 milhão, a segunda; e 2.267 a terceira, de reforço.

Os dados atualizados de infecções e mortes em 24 horas mostram a importância de se avançar rapidamente na campanha de vacinação. O DF confirmou 787 novos casos e 18 vítimas da covid-19 no período. Com a atualização, o total de mortos subiu para 10.382, e o de infectados, para 490.909 pessoas.

Após cinco dias de estabilidade, a média móvel de infecções alcançou 915,7 e teve nova alta, com crescimento de 31,78% na comparação com 14 dias atrás. O indicador para as mortes aumentou 28,24% em relação ao de duas semanas antes e chegou a 15,6 – o maior resultado desde 4 de setembro.

Colaborou Ana Isabel Mansur

Ex-secretário com covid

Jaime Recena, que esteve à frente da Secretaria de Turismo do DF durante a gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB), foi internado em um hospital particular da Asa Norte na sexta-feira, após ser diagnosticado com covid-19. Apesar de estar com 50% do pulmão comprometido e ser asmático, ele não precisou ser levado à UTI. É a primeira vez que Recena, vacinado com a primeira dose de imunizante contra a doença, testa positivo para a covid-19 desde o início da pandemia.

Locais de vacinação

A aplicação das doses contra a covid-19 continua hoje, em cinco postos para pedestres e quatro pontos drive-thru. Os endereços e horários de atendimento estão disponíveis no site do Correio.

Fonte: Correio Braziliense Online

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Divisão da MSD e Organon reestruturam liderança na região

Organon MSD

 

Organon, empresa global de saúde da mulher formada por meio de um spin-off da MSD, conhecida como Merck nos Estados Unidos e Canadá, anunciou o início das atividades no Brasil no início de junho.

Segundo reportagem do portal Pharmabiz, a divisão ainda não foi formalizada na Argentina. A MSD continuará na liderança com o medicamento para tratamento de câncer de pele Keytruda e seu CEO local, Guillermo Browne. Enquanto isso, Marcelo Rubino permane no comando da Organon.

O spin-off também encerrou o ciclo de comando do CEO global Kenneth Frazier, que se aposentou em fevereiro e passou a ocupar uma vaga no Conselho da companhia. Em seu lugar assumiu Robert Davis , ex-VP de Serviços Globais e CFO.

O Brasil foi um dos mercados que rapidamente assumiu a liderança na região, representada por Hugo Nisenbom, que continua a comandar a MSD, e por Ricardo Lourenço, que voltou à corporação depois de quase uma década para assumir o comando da Organon .

Enquanto isso, o argentino Fernando Fogarin assumiu o comando da Organon México, ao lado de Carlos Annes, que há dois anos é o número um da MSD no país. Paralelamente, as mudanças no comando da companhia também levaram à nomeação de Julio Conejero como diretor Latam Cluster da Organon , com base no Equador.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico


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