Cresce busca de homens por procedimentos estéticos, diz gestora

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Os homens estão cada vez mais vaidosos e sentindo a necessidade de se cuidar, afirma Jennifer Graciano, gestora-geral da Clínica Estética Lucky Faces, empresa que atua com estética facial e corporal, saúde emocional, autoestima e autoimagem. Segundo Graciano, a mudança de comportamento por parte do público masculino fez crescer a procura por procedimentos estéticos.

A título de exemplo, a gestora conta que os principais procedimentos estéticos procurados por homens na Lucky Faces são toxina botulínica e preenchimento da mandíbula. ‘Está muito em alta a mandíbula marcada: este é o procedimento queridinho dos meninos’, pontua. ‘Os procedimentos estéticos estão cada vez mais voltados para os homens. E a harmonização facial, que recebe a maior demanda deste público, busca entregar harmonia e jovialidade à face, sem que se perca a naturalidade’.

Ao lado dos procedimentos estéticos, a preocupação dos brasileiros com a aparência de modo geral é uma crescente. É o que demonstram indicativos da consultoria Research & Markets, que mostram que o Brasil é o segundo maior consumidor de cosméticos do mundo, atrás somente dos Estados Unidos.

E não é de hoje: as vendas do mercado brasileiro de produtos de cuidados pessoais para homens cresceram 70% entre 2012 e 2017, passando de R$ 11,7 bilhões para R$ 19,8 bilhões, respondendo por 13% das vendas globais, de acordo com a empresa de pesquisa de mercado Euromonitor.

Popular entre os famosos, harmonização facial exige cuidados

Segundo a SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica), a harmonização facial está entre os procedimentos estéticos não cirúrgicos com maior procura no país: passando de 72 mil intervenções ao ano para 256 mil entre 2014 e 2019 – um crescimento de 255%. Paralelamente, as buscas pela técnica em mecanismos de buscas também dispararam. Em 2020, as pesquisas pelo termo registraram uma alta de cerca de 540% somente no Google.

A harmonização facial ganha interesse popular em meio a um contexto de crescente aderência à técnica por parte de famosos e influenciadores, que exibem resultados em vitrines digitais.

Dados de uma pesquisa realizada pela Opinion Box revelam que 67% dos usuários do Instagram no Brasil seguem algum influenciador digital, 55% já fizeram uma compra depois que um produto foi indicado – ou utilizado – por um influencer e 18,5% já foram sugestionados durante seu processo de decisão de compra.

Apesar disso, Graciano reforça que a técnica exige cuidados: ‘A harmonização deve ser feita mediante consulta com uma empresa séria, com profissionais competentes. Além disso, os procedimentos devem ser definidos conforme necessidade de cada paciente, o que é essencial para alcançar resultados cada vez mais naturais’.

Fonte: Acelerada

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/homens-consomem-cada-vez-mais-cosmeticos-e-procedimentos-esteticos/

Data de validade em cosméticos não é só um número, é preciso respeitar

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É uma situação triste e que muitos de nós nunca quer enfrentar: ter que jogar fora nossos produtos de beleza por data de validade. E isso se torna especialmente difícil se amamos algum item em particular, seja ele um batom que saiu de linha, um hidratante importado ou um protetor solar difícil de encontrar.

Mas a despedida é necessária quando a validade daquele item expirou. Segundo a dermatologista Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a maioria dos produtos tem uma vida útil de dois a três anos, mas existe uma série de variáveis que indicam a rapidez com que um produto irá expirar, incluindo os ingredientes e quaisquer conservantes usados na fórmula.

Vida útil x data de validade

‘Além disso, a vida útil e a data de validade não são a mesma coisa. A data de validade do seu produto é o prazo garantido pela empresa para a estabilidade da fórmula, mas ele pode sofrer alteração no momento em que você abre o produto. Procure o rótulo PAO – ou período após a abertura. O símbolo parece um frasco aberto. Ele indica a vida útil do produto depois de aberto, que é normalmente entre seis meses a um ano’, afirma a médica.

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‘De modo geral, é necessário ficar atento às alterações de cor, textura, e cheiro dos produtos. Essas mudanças geralmente indicam oxidação dos ativos, o que torna o produto ineficaz, ou crescimento de microrganismos, que pode causar reações alérgicas’, explica a médica.

Segundo a farmacêutica Maria Eugenia Ayres, pós-graduada em Farmacologia Clínica e Gestora Técnica da Biotec, há dois motivos principais que tornam fundamentais a determinação do prazo de validade dos cosméticos: a perda da efetividade do produto e a intolerância. ‘Por exemplo, com o passar do tempo um creme despigmentante pode perder sua capacidade de clarear, assim como um protetor solar de proteger dos raios solares. Intolerâncias, reações alérgicas ou infecções também podem acontecer em razão do tempo prolongado de armazenamento’, explica. ‘Conservantes são substâncias adicionadas a esses produtos a fim de aumentar a sua durabilidade – sendo um dos fatores que interferem no prazo de validade, evitando o crescimento de microrganismos’, acrescenta.

A cosmiatra, especialista em dermatocosmética e diretora científica da Be Belle, Ludmila Bonelli, completa:

‘Prazo de validade é o tempo em que um produto pode ser armazenado e manter qualidade e confiabilidade. Após o fim do prazo, a qualidade do produto pode ser prejudicada e o fabricante não se responsabilizar mais pelo item. Sendo assim, é importante que o consumidor seja informado sobre o prazo de validade do produto cosmético que pressupõe a data até a qual o produto continua a cumprir a sua função inicial e permanecer seguro. Durante o tempo de validade, o produto cosmético deve cumprir os requisitos necessários para a sua utilização, sendo garantida a sua qualidade e segurança’.

Mas como se chega a uma data?

Segundo Maria Eugenia, o prazo de validade depende de diversos fatores intrínsecos e extrínsecos: a composição da fórmula, as condições de higiene ao longo do processo produtivo, condições de armazenamento, os métodos de processamento e até o tipo de embalagem utilizada. Além disso, existem quatro parâmetros que influenciam diretamente na vida útil de um produto, são eles: o microbiológico, o físico-químico, o bioquímico e o sensorial.

‘O processo que estabelece as validades engloba as análises de estabilidade desses produtos cosméticos. São estudos feitos para determinar as informações que indicam a estabilidade relativa de um produto nas diversas condições a que são expostos, desde o período de fabricação até o vencimento da validade. Por isso, esses testes, realizados em condições controladas de temperatura e umidade, são muito importantes’, afirma a farmacêutica.

O procedimento para definir esse prazo é realizado da seguinte forma: o produto é exposto a diversas temperaturas, altas e baixas, até que uma das suas características saia do padrão desejado. Assim, é possível estimar em quanto tempo essa degradação ocorreria em condições normais, tanto de um produto fechado quanto de um aberto. Periodicamente, as amostras são coletadas e, então, são realizados os testes microbiológicos e sensoriais.

‘Os testes microbiológicos têm por objetivo verificar se a quantidade de microrganismos presentes ao longo do tempo está dentro do limite estabelecido pela Anvisa. Nos testes sensoriais, textura, aparência, odor e cor são analisados. Esses testes garantem a integridade do produto, mesmo que seguros microbiologicamente (em alguns casos o produto ainda se mantém dentro dos limites permitidos de microrganismos), suas características sensoriais já não são similares ao padrão exigido’, afirma Maria Eugenia.

Ludmila conta que os ingredientes dos produtos são divididos entre ativos (que de fato vão trazer o resultado proposto) e conservantes (que prolongam a validade, evitando a oxidação dos ativos e a contaminação) e ambos vão perdendo a eficácia ao longo do tempo. Com isso, o risco de oxidação e contaminação vai aumentando.

‘Para cada matéria-prima utilizada na formulação desses produtos existe uma característica particular e individual para que se estipule uma data de validade. Produtos cosméticos normalmente têm uma durabilidade mínima inferior a 30 meses, e que deve ser indicada no rótulo como uma data limite de utilização. Esta informação deve ser mencionada por meio de símbolo ou em seguida da data, em dia/mês/ano ou mês/ano’, explica a cosmiatra.

Segundo a Resolução N° 79 de 2000 do Ministério da Saúde e suas atualizações, e a Lei 8.078/90 – Código de Proteção e Defesa do Consumidor- o prazo de validade, antes de ser um requisito legal, é, sobretudo, um requisito técnico de qualidade, pois um produto instável do ponto de vista físico-químico, microbiológico ou toxicológico, além da perda de eficácia poderá também causar algum dano e comprometer a confiabilidade frente ao consumidor. A partir da realização de todos os testes citados acima consegue-se estabelecer a data de validade de um cosmético industrializado.

Data não é colocada à toa

Mas se o produto venceu no dia 20, não posso mesmo usá-lo no dia 25? ‘A primeira regra sobre a validade de cosméticos é clara: tem que respeitar a data, sim. O prazo de validade em uma embalagem não é informado à toa. Ele que garante a eficácia e segurança dos ingredientes’, adverte Ludmila. Já Maria Eugenia lembra que, após a expiração do prazo de validade, não é possível garantir as concentrações dos ativos na formulação e que, além disso, também há o risco de reações alérgicas como coceiras, vermelhidão ou até mesmo irritação dos olhos.

Alguns itens mais sensíveis expiram mais rapidamente? Maria Eugenia conta que cosméticos que possuem na composição derivados de gordura e óleo são sensíveis à oxidação, assim como aqueles à base de vitamina C, hidroquinona e ácidos, que também expiram mais rapidamente por este motivo. A oxidação de ingredientes em produtos cosméticos pode gerar problemas como alteração de cor e odor, além da rancificação de óleos e gorduras.

Maquiagem demora mais para ‘expirar’ que cremes?

Maria Eugenia lembra que há diferentes tipos de validades e que variam de acordo com os itens de maquiagens. Normalmente, produtos para área dos olhos, como máscara para cílios, têm uma validade menor que um produto para os lábios como um batom, por exemplo. A forma como se guarda a maquiagem também pode interferir na durabilidade do produto. ‘Maquiagens guardadas em banheiros, ou dentro de lugares quentes como o carro, apresentam uma validade menor’.

Séruns e hidratantes, por exemplo, segundo Paola, tendem a durar cerca de um ano desde a abertura, mais ou menos, dependendo da fórmula e dos ingredientes usados. Produtos que contêm óleos essenciais, por exemplo, podem se degradar mais rápido, especialmente quando armazenados de forma incorreta, o que pode torná-los menos eficazes. ‘Se você não tiver certeza se o seu sérum ou hidratante expirou, verifique como sua pele reage a ele em comparação com quando você começou a usá-lo – frequentemente, hidratantes vencidos não serão tão hidratantes. Além disso, mudanças na textura (como separação) ou mudanças no odor de seu produto podem indicar que pode ser hora de renová-lo’, afirma a médica.

Se você usar o protetor solar diariamente, como é indicado, ele terminará antes que a data expire – iStock

Outro item importante para os cuidados com a pele: protetor solar. ‘Pela lógica, é o produto que mais devemos utilizar. Afinal, sua aplicação é diária e a reaplicação de pelo menos duas vezes ao dia se faz necessária. Então, ele não deveria entrar em questão quando o assunto é vida útil’, diz a médica. ‘Se você criar o hábito de usá-lo todo dia, não precisará pensar se deve ou não utilizar um protetor solar aberto no verão passado (porque ele teoricamente já teria acabado)’, afirma a médica.

Mas se você percebeu alguma mudança na textura, cor ou cheiro desse produto, o melhor a fazer é descartá-lo. ‘O filtro solar tem se mostrado eficaz na prevenção do câncer de pele, que pode ser fatal em alguns casos. Realmente não vale a pena correr o risco. Use um produto que você tenha a segurança de que está realmente te protegendo’, diz Paola.

Quais erros as pessoas mais cometem ao armazenar os produtos?

Os erros mais comuns, como os citados acima por Maria Eugenia, são guardar produtos em lugares úmidos como banheiros, ou, ainda, deixar a nécessaire de produtos dentro de locais quentes, como os automóveis. Ludmila cita outros:

– Deixar o produto aberto ou não fechá-lo totalmente; isto pode oxidar a formulação e, assim, ocorrer a perda de resultado;

– Usar dedos e mãos para retirar o produto da embalagem: a contaminação por bactérias existentes pode ser repassada aos produtos e contaminá-los;

– Deixar o produto no sol ou na claridade: a luz ou o calor podem interferir na formulação do produto;

– Carregar o produto sempre na bolsa.

Ela afirma que é fundamental garantir o armazenamento correto dos cosméticos, de modo a preservar a durabilidade de cada um deles. Sempre deixe-os em locais ventilados, sem claridade e longe do calor ou do sol. Portanto, nada de mantê-los no banheiro ou em uma penteadeira que seja alcançada por raios do sol.

Outro ponto importante que a farmacêutica destaca é a importância dos conservantes. Eles aumentam a vida útil dos produtos, garantindo a segurança e prevenindo a perda de eficácia. São adicionados às formulações para evitar a proliferação de microrganismos capazes de prejudicar o aspecto do cosmético e comprometer a segurança: ‘A utilização dos conservantes é necessária, pois não existe um ambiente 100% estéril para fabricação de qualquer produto. Dessa forma, bactérias, fungos e leveduras podem degradar substâncias presentes e deteriorar o cosmético, fazendo com que ele mude de textura, cor e odor. Cosméticos formulados sem conservantes apresentam uma durabilidade extremamente menor e perdem sua eficácia de maneira muito mais rápida também’.

Por que você não deve usar produtos vencidos

Paola afirma que alguns efeitos colaterais do uso de produtos vencidos são mais prejudiciais do que outros, mas todos produzirão efeitos indesejáveis com o tempo, mesmo que isso signifique apenas que eles se tornaram ineficazes: ‘O prazo de validade marca o intervalo de tempo que uma fórmula vai manter em termos de estabilidade da fórmula, compatibilidade e conservantes’, diz a médica. Ela ainda acrescenta:

‘Depois que você ultrapassa o prazo de validade testado, as fórmulas podem começar a ficar grosseiras e os conservantes, como já não estão no seu melhor potencial de eficácia, podem expor sua pele à contaminação microbiana indesejada. E esta pode levar a qualquer coisa, desde irritação, erupções e, em casos realmente graves, até infecção’.

O também dermatologista Abdo Salomão Jr afirma que, felizmente, alguém chegar à clínica com problemas causados pelo uso de cosméticos vencidos não é frequente. ‘Não é tão comum. Sabemos que não devemos usar nada vencido, mesmo que seja algo que apenas passamos sobre a pele, como uma maquiagem, já que o produto pode estar contaminado por bactérias ou os princípios ativos podem ter se transformado quimicamente em algo capaz de gerar uma alergia’.

O risco de utilizar um produto vencido, seja um cosmético, uma maquiagem ou mesmo um medicamento em forma de creme, está no fato dos princípios ativos poderem sofrer alterações pelo tempo, pelo calor ou umidade, gerando algo nocivo para a pele. Além disso, há o risco de contaminação bacteriana, que pode causar uma infecção, o surgimento de acne ou até uma dermatite irritativa.

‘O mais comum é o surgimento de espinhas, pois esses produtos vencidos podem conter bactérias que podem entrar nos folículos pilosos ou nas glândulas sebáceas e causarem acne. Mas o produto também pode induzir o organismo a produzir anticorpos contra os elementos químicos do produto ou gerar uma irritação superficial’, comenta Abdo Jr.

Infecção bacteriana

Além disso, essas bactérias podem causar uma infecção bacteriana na superfície da pele, um eczema bacteriano. Problema que pode, em alguns casos, deixar cicatrizes, causar manchas e piorar quadros de melasma. ‘Complicações do uso de produtos vencidos vão desde problemas mais simples, como o surgimento de espinhas, até mais graves, como essa infecção bacteriana na superfície da pele, que pode evoluir, inclusive, para celulite, que é uma inflamação do tecido celular subcutâneo. Isso sem falar na indução do organismo a produzir anticorpos contra os princípios ativos do próprio produto’, indica o médico.

E se por descuido ou distração eu usar um cosmético vencido e só perceber depois? O dermatologista diz que não há problema. Basta interromper o uso e jogar o produto fora: ‘Caso não observe nenhuma reação, não há motivo de preocupação. A reação provocada pelo uso de um cosmético vencido é precoce e não tardia. Ou seja, ou você observará uma reação após 24/48 horas do uso ou não a terá mais’.

Abdo Jr acrescenta que, de forma geral, os produtos industrializados têm uma validade longa. Já os manipulados possuem uma mais curta, pois não são feitos seguindo todo o rigor da indústria, principalmente com relação à questão da esterilidade e uso de conservantes.

Veja abaixo o prazo de validade médio de alguns produtos, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia:

Sombras compactas: 36 meses

Bases aquosas: 12 meses

Bases oleosas: 18 meses

Rímel: 6 meses

Corretivos: 18 meses

Batom: 48 meses

Pó solto ou compacto, iluminador, blush: 18-24 meses

Gloss labial: 6-12 Meses

Delineador: 6-12 Meses

Fonte: Dr Jairo Bouer

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/dicas-de-rotulos-para-cosmeticos-e-produtos-de-beleza/

TJ-SP concede salvo-conduto para cultivo de cannabis para fins terapêuticos

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Com base no princípio da dignidade da pessoa humana e no direito à vida e à saúde, a 3ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu salvo-conduto a um homem para cultivo de cannabis para fins terapêuticos, visando à extração do óleo cannabidiol, utilizado no tratamento médico de seu filho.

Pela decisão, as autoridades ficam impedidas de prender e proceder a persecução penal pela produção artesanal da cannabis e pelo uso conforme prescrição médica da planta em questão, vedando-se, ainda, sua apreensão ou destruição. Além disso, o plantio será monitorado pela Polícia Civil, com visitas regulares ao imóvel do beneficiado.

Consta dos autos que o filho do autor sofre de transtorno do espectro autista e de epilepsia, apresentando comportamento disfuncional agressivo, razão pela qual faz uso de óleo de cannabidiol, sob prescrição médica. Diante do alto custo de importação do medicamento, o pai optou por cultivar cannabis sativa em casa para extração do óleo medicinal e, por não haver regulamentação da Anvisa nesse sentido, buscou o salvo-conduto mediante Habeas Corpus preventivo.

O pedido havia sido negado em primeira instância, mas o TJ-SP, por unanimidade, reformou a decisão. O relator do recurso, desembargador Jayme Walmer de Freitas, afirmou que a concessão do salvo-conduto nesse caso atende ao princípio da dignidade da pessoa humana e ao direito à vida e à saúde.

“Não passa despercebida a omissão legislativa em regulamentar o cultivo doméstico da cannabis em situações como a presente, de modo que negar ao filho do paciente acesso ao fármaco importaria em flagrante violação ao direito a uma vida saudável. Portanto, o reclamo formulado encontra justificável ressonância no panorama visualizado, merecendo o acolhimento do pleito”, afirmou ele.

Conforme o relator, o direito ao cultivo da cannabis é vital para a saúde do filho do paciente e, sendo assim, uma eventual negativa a esse pleito significa que o Poder Judiciário “compactuaria com a precariedade do bem-estar demonstrada por essa pessoa, mostrar-se-ia omisso, relegaria a cura à própria sorte, e endossaria o medo e o descaso, adjetivos que não se coadunam com a finalidade da justiça que é buscar o equilíbrio em todas as situações que lhe são trazidas”.

Fonte: Consultor Jurídico

Skintimates: a onda de cuidados com a pele chegou na região íntima

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Se sexo (ainda) é tabu, imagine falar sobre a saúde da própria região íntima? Pois já não era sem tempo, conversas e demandas reservadas aos consultórios ginecológicos e dermatológicos agora estão no centro dos papos sobre beleza. E não estamos falando apenas da tendência de bem-estar sexual ou da normalização do uso de vibradores – gostoso demais! -, mas dos cuidados cosméticos com a região íntima.

Pense em toda a área pélvica, da vulva à virilha, e do bumbum. Lá em setembro de 2021, Bruna Ortega, consultora do WGSN, maior bureau de tendências do mundo, já falava no site da Glamour sobre a onda de skintimates e o que seria a nova fronteira na nossa rotina de cuidados com a pele. Em seu relatório de previsão de trends, o bureau afirma que, até 2025, a categoria deve crescer e chegar a movimentar US$ 32 bilhões. Uau! É, os creminhos e afins chegaram até onde o sol não bate! Se em algum lugar do passado até os sabonetes, para a etapa básica de limpeza, eram vistos com certo receio, hoje o cenário está em transformação.

Conversando com ginecologistas, é um consenso que o olhar carinhoso para a região pode nos ajudar a quebrar preconceitos. Você já deve ter ouvido alguém dizer que é bacana pegar um espelhinho e conhecer tudo o que fica lá embaixo. Pense, então, como naturalizar o toque por meio de cremes e séruns pode ser interessante em termos de autoconhecimento. ‘O fato de as pessoas dedicarem uma rotina de cuidados específica fez com que mulheres tenham mais atenção à região íntima, inclusive entendendo melhor cada parte da sua anatomia’, afirma a ginecologista e obstetra Viviane Monteiro.

Ok, Gla, mas será que precisamos de mais uma etapa de cuidado na nossa rotina? Depende. Em termos de estética, a decisão fica por sua conta. Entretanto, há outros motivos que podem fazer alguém querer dar atenção à região, desde desconforto em relação à depilação até falta de lubrificação e foliculite na área das nádegas. De olho nisso, sim, é interessante perceber como as opções cosméticas estão cada vez mais tecnológicas, inclusivas e agradáveis de usar. ‘A vulva é feita de pele e, assim como a pele do resto do corpo, ela passa por mudanças ao longo dos anos, pode ficar mais fina, mais seca’, explica Viviane. ‘Produtos voltados para a região ajudam nas principais queixas. De hidratar a pele após uma depilação até acalmar área sensível depois uma relação sexual.’

Entre os destaques do mercado, estão os esfoliantes, que são mais delicados e ajudam a evitar os pelos encravados na virilha, assim como óleos e séruns enriquecidos com ácido hialurônico e vitamina E, que ajudam na proteção e hidratação de vulva e adjacências. ‘Vale lembrar que esses produtos não são pensados para mascarar odores, mas manter a saúde da região íntima’, ressalta Viviane.

O canal vaginal, dispensa qualquer lavagem ou etapa de aplicação de produto, uma vez que é autolimpante e possuí uma flora bacteriana sensível, responsável por manter o pH correto e evitar infecções.

Falando em áreas íntimas, não podemos nos esquecer do bumbum e da região exterior ao ânus. A preocupação estética com ele, é claro, não é novidade, mas a pandemia incluiu um novo elemento na história. É que o tempo em casa e as longas horas que passamos sentadas em frente ao computador adicionaram queixas dermatológicas à conta. ‘A foliculite é uma das reclamações mais corriqueiras no consultório,’ conta a dermatologista Juliana Piquet. Frequente, a condição inflama os folículos pilosos, saída por onde nascem os pelos, causando bolinhas vermelhas e até pontinhos de pus. De acordo com a médica, as causas para a condição são diversas e vão além do tempo na cadeira. Podem ser causadas também por roupas muito justas e sensibilidade à depilação.

É aí que entram as fórmulas específicas, normalmente enriquecidas com ativos já conhecidos da nossa pele, como o ácido salicílico e a niacinamida, responsáveis por diminuir a vermelhidão e o processo inflamatório. Outro produto que já figura há algum tempo no mercado é o esfoliante de bumbum. Aqueles com partículas para esfoliação física ou aqueles com ingredientes que promovem renovação química (ideal para manchinhas) são opções para evitar o quadro. E, se antes os cremes e géis prometiam resultados mirabolantes, como o extermínio da celulite e das estrias, hoje a comunicação vai para um lugar mais gentil de real cuidado, devolvendo hidratação e maciez. A vantagem das novas receitas está na composição. Chegam repaginadas, com maiores porcentagens de ativos naturais e umectantes – ponto para quem gosta de fazer uma boa drenagem. Sente a pele da região muito ressecada ou sofre quando os termômetos acusam baixas temperaturas? Talvez valha a experiência de usar uma máscara, que combina sérum concentrado com oclusão e supera os hidratantes comuns.

PPK Care

Vamos de anatomia? A vagina é o canal que se estende desde a abertura externa, na vulva, até o colo do útero. A vulva corresponde à região da entrada da vagina, que inclui os lábios internos e externos, o clitóris, a uretra e o monte pubiano. Essa área do lado de fora, sim, pode receber cuidados para limpeza do suor, urina e afins. Mas vá nas fórmulas hipoalergênicas, tá? Inclusive para a virilha, pois pode acabar escorrendo para outros pontos.

Bumbum Care

O skincare do bumbum é mais prático, entretanto, o pulo do gato está em escolher os ingredientes-chave (que vão atuar diretamente nas questões relacionadas a ele) e dar a devida atenção ao método de aplicação. A forma mais interessante de passar o seu creminho é estimulando com uma massagem express. Isso, porque as manobras manuais não só relaxam, como ajudam a ativar a circulação e drenar o acúmulo de líquidos que pode afetar a área.

Sabonete íntimo

Sim, sabemos que você deve estar se perguntando se podemos usar os produtos de rosto nas regiões íntimas. Quando falamos da região pélvica e vulva, a resposta é direta: não.

‘A área é muito mais sensível que a pele facial, por isso é importante procurar produtos testados ginecologicamente, que evitam fragrâncias, álcool, parabenos e até ativos muito concentrados’, diz a ginecologista Marcella Maia. Já para o bumbum, podemos nos apropriar dos hidratantes corporais, mas as formulações específicas sempre serão mais potentes. Na dúvida, procure um dermatologista ou ginecologista de confiança, combinado?

Fonte: Glamour Brasil Online 

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/por-que-mulheres-estao-mudando-o-jeito-de-cuidar-da-saude-intima/

Pesquisadores brasileiros usam nióbio para combater vírus e bactérias

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Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais conseguiram usar o nióbio para combater vírus e bactérias. Agora, eles estudam a possibilidade de criar um fungicida à base desse mineral.

O gel clareador dental foi o primeiro produto desenvolvido pelo laboratório de química da UFMG com as nanopartículas de nióbio, um mineral encontrado principalmente, em Minas Gerais e Goiás. Durante o processo, os pesquisadores constataram que, além de clarear os dentes, o produto matava as bactérias que causam a cárie. A partir daí, surgiu uma dúvida.

‘Como a gente sabia da estrutura molecular que constituía a molécula para cárie, nós vimos que essa molécula pode ser que tenha utilidade para vírus. Aí nós fizemos alguns testes preliminares e vimos que realmente ela tinha essa função também’, conta Jadson Cláudio Belchior, professor departamento de química UFMG.

‘Como a gente sabia da estrutura molecular que constituía a molécula para cárie, nós vimos que essa molécula pode ser que tenha utilidade para vírus. Aí nós fizemos alguns testes preliminares e vimos que realmente ela tinha essa função também’, conta Jadson Cláudio Belchior, professor departamento de química UFMG.

No período dessa descoberta, o Brasil estava no pico da pandemia. Em pouco tempo, os pesquisadores desenvolveram também um spray pediátrico que, além de combater o vírus da Covid, é eficaz, ainda, contra os vírus que causam a herpes e a hepatite. O produto já foi aprovado pela Anvisa e vai ser produzido por uma empresa, no interior do estado, em escala comercial.

Se essas nanopartículas de nióbio são eficazes contra vírus e bactérias, será que não seriam também contra fungos? Se sim, será que poderiam ser usadas em plantações, substituindo alguns tipos de agrotóxicos? Os pesquisadores começaram a investigar essa hipótese e os resultados são bem promissores.

Foram desenvolvidos três fungicidas que estão sendo testados por quatro empresas de defensivos agrícolas; três delas multinacionais. O projeto tem parceria com uma startup de Belo Horizonte.

‘Baixíssima toxicidade, tanto para planta – ele não é fitotóxico – e, também, não tem toxicidade para o humano. Nem para quem vai aplicar no campo, nem para quem vai ingerir aquele alimento depois pós colheita’, afirma Cintia de Castro Oliveira, professora departamento de química UFMG.

‘Baixíssima toxicidade, tanto para planta – ele não é fitotóxico – e, também, não tem toxicidade para o humano. Nem para quem vai aplicar no campo, nem para quem vai ingerir aquele alimento depois pós colheita’, afirma Cintia de Castro Oliveira, professora departamento de química UFMG.

A Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, estuda uma parceria com a UFMG e diz que o estudo pode trazer uma das maiores modificações científicas no campo das últimas décadas.

‘Se esse mecanismo se demonstrar promissor, vai abrir um potencial para geração de não só um novo fungicida, mas uma classe de fungicidas baseados nessa tecnologia. Isso é bastante disruptivo e se os estudos mostrarem que ele é eficiente e seguro, vai ser uma grande inovação para agricultura brasileira’, afirma Francisco Adriano de Souza, pesquisador Embrapa.

‘Se esse mecanismo se demonstrar promissor, vai abrir um potencial para geração de não só um novo fungicida, mas uma classe de fungicidas baseados nessa tecnologia. Isso é bastante disruptivo e se os estudos mostrarem que ele é eficiente e seguro, vai ser uma grande inovação para agricultura brasileira’, afirma Francisco Adriano de Souza, pesquisador Embrapa.

Fonte: G1.Globo

Vacina BCG: com fábrica nacional parada, ministério pede que Estados racionem imunizante

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Uma das primeiras vacinas a ser dada a uma criança que nasce no Brasil, a  vacina BCG passará a ter fornecimento diminuído nos próximos meses devido a problemas que o Ministério da Saúde tem tido para obter as doses do imunizante, que previne a tuberculose.

No final de abril, o Ministério da Saúde disparou para as secretarias estaduais uma circular afirmando que, “dada a disponibilidade limitada da vacina BCG no estoque nacional em razão de dificuldades na aquisição deste imunobiológico”, o envio pelo ministério diminuirá de 1,2 milhão de doses por mês (média de janeiro a março de 2022) para 500 mil doses mensais nos próximos sete meses.

No documento, o ministério pediu para os Estados “otimizarem e fazerem uso racional desta vacina por este período” até que “a situação do estoque nacional da vacina BCG seja regularizada”. Idealmente, o imunizante deve ser aplicado ainda na maternidade – no máximo, até o fim do primeiro mês de vida.

A BBC News Brasil enviou e-mail a todas as secretarias estaduais do país perguntando sobre a disponibilidade da vacina BCG. Das 17 que responderam, todas afirmaram que atualmente não há falta de doses, mas algumas mencionaram estarem se readequando para os próximos sete meses, em que o envio pelo ministério será reduzido.

As secretarias de Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Santa Catarina afirmaram que enviaram aos municípios a orientação para que controlem o uso dos frascos, para que não haja desperdício; e para que passem a oferecer a vacinação somente em locais selecionados, em alguns casos com agendamento.

A cidade de Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, já anunciou para a população mudança no esquema de vacinação. Até o aviso do Ministério da Saúde, o município aplicava a vacina em 10 unidades de saúde espalhadas pela cidade. Agora, ela é dada em apenas três postos – e com agendamento.

“Na última remessa de vacinas não recebemos nenhuma dose de BCG”, diz Marcelo Figueiró, secretário de Saúde de Cachoeira do Sul.

Segundo ele, um lote de BCG chegava à cidade com 20 doses.

“Muitas vezes, você precisa abrir um lote inteiro para dar poucas vacinas. Aquelas que sobram precisam ser descartadas depois de seis horas da abertura. Então, estamos tentando racionalizar e ter um melhor controle sobre esse uso para que a gente perca o mínimo de doses possíveis, já que nos próximos meses pode faltar vacina”, diz.

Este é mais um capítulo dos problemas no fornecimento desta vacina nos anos recentes. Em 2019, a BBC News Brasil mostrou que 12 Estados precisaram racionar o imunizante para garantir a vacinação e que a Onco BCG, imunoterapia feita com a mesma base da BCG mas usada para tratamento do câncer de bexiga, estava em falta no país.

Desde 2016, a única fábrica nacional que produz a BCG e a Onco BCG, pertencente à Fundação Atalpho de Paiva (FAP), no Rio de Janeiro (RJ), passou por sucessivas interdições da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) – e, a partir daí, o fornecimento da vacina no país passou a ficar intermitente.

A assessoria de imprensa da Anvisa informou à BBC News Brasil que a fábrica, no bairro de São Cristóvão, segue interditada. Enquanto isso, uma nova fábrica da fundação em Duque de Caxias (RJ), em construção desde 1989, ainda não foi inaugurada (leia mais abaixo).

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) abriu um inquérito em fevereiro para investigar possíveis irregularidades na gestão da fundação.

Um laudo da Anvisa que levou à interdição em 2016, obtido pela BBC News Brasil via Lei de Acesso à Informação, afirmou que “a fabricação dos produtos Vacina BCG e Imuno BCG [a marca da Onco BCG feita pela instituição] pela Fundação Ataulpho de Paiva na fábrica localizada em São Cristóvão (Rio de Janeiro – RJ) apresenta risco à saúde da população brasileira”. Foram constatadas “4 não conformidades críticas” – o que significa um “desacordo com os atributos críticos” do produto ou algo que “possa apresentar risco latente ou imediato à saúde”.

Segundo e-mail enviado pela Anvisa à reportagem no último dia 16, “a fábrica da Fundação Athaulpho de Paiva (FAP) localizada no bairro de São Cristóvão (RJ) se encontra paralisada pela empresa para a realização de ajustes e correções decorrentes da última inspeção sanitária”.

“A fabricação não pode ser retomada até que os ajustes necessários sejam concluídos e, novamente, a fábrica seja inspecionada para se verificar a efetividade das correções”, continua.

Desde que os problemas com a produtora nacional começaram, o Brasil tem obtido doses de BCG com o Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço regional da Organização Mundial da Saúde (OMS). O fundo fornece vacinas e insumos, como seringas, a governos locais e nacionais que não têm produção nacional disponível.

O Ministério da Saúde não respondeu exatamente por que haverá redução no quantitativo nos próximos sete meses e se houve algum problema com o fornecimento através do Fundo Rotatório.

Em nota, a pasta escreveu: “Essa readequação se refere a toda tramitação do processo de aquisição, que envolve a compra propriamente, o desembaraço alfandegário e autorização pela Anvisa para a entrada do produto no país, o qual, posteriormente, é enviado para análise do controle de qualidade do INCQS antes de ser distribuído para as salas de vacina.”

Fundação nacional para fabricação da vacina BCG é investigada

Nos anos 1980, a Fundação Ataulpho de Paiva (FAP) foi uma das instituições que receberam investimentos por meio do Programa de Autossuficiência Nacional em Imunobiológicos (Pasni) – que visava justamente garantir uma produção nacional, sem que o país precisasse passar por todos os trâmites aos quais está sendo submetido agora na importação. Nascida em 1900, a FAP é uma entidade privada, sem fins lucrativos e filantrópica.

Quando o funcionamento da fábrica da FAP em São Cristóvão estava regular, as vacinas BCG eram compradas pelo governo federal através da modalidade “inexigibilidade de licitação”, uma vez que esta era a única produtora no país do imunizante. Em uma proposta de convênio com o Ministério da Saúde, de 2016, a instituição defendeu que “tornou o Brasil sempre autossuficiente na produção da Vacina BCG, nunca tendo havido a necessidade de importação deste produto”.

Em 1989, a FAP iniciou a construção de uma nova fábrica em Xerém, Duque de Caxias (RJ). Segundo o site da fundação, a nova unidade tem com objetivo produzir a BCG de forma a “suprir a demanda nacional e parte da internacional, uma vez que a instituição recebe consulta de vários países.” Mas, 33 anos depois, a fábrica ainda não está cumprindo seu objetivo. A Anvisa afirmou à reportagem que a unidade em Xerém ainda não tem autorização para fabricar vacinas porque não recebeu pedido da fundação para realizar a inspeção, o que pode ocorrer apenas após a conclusão das obras.

Procurada, a FAP afirmou, por meio do seu presidente, Germano Gerhartdt Filho, que a fábrica “já iniciou sua operação, nas áreas e atividades de armazenamento, embalagem e venda de produtos” e que está em “processo de regularização perante a Anvisa” para “dar continuidade à comercialização e fornecimento de BCG e Onco BCG”. Ou seja, a fábrica está produzindo outros itens mas ainda não fabrica as vacinas.

A BBC News Brasil publicou em 2020 uma reportagem sobre os imbróglios envolvendo a construção da nova fábrica. Na época, a fundação afirmou que a unidade seria inaugurada em 12 meses e atribuiu a demora à necessidade de readequação da estrutura a novas normas regulatórias da Anvisa.

Por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e consultas ao Portal da Transparência, a BBC News Brasil identificou convênios do Ministério da Saúde com a entidade destinados especificamente à nova fábrica em Xerém que somaram R$ 41,9 milhões em verbas, dos quais mais ou menos metade (46,5%) haviam sido liberados.

Na realidade, esse montante é possivelmente maior, já que não foi possível localizar informações sobre gastos com o projeto desde os anos 1980 – só a partir de 2012. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emprestou ainda R$ 5,9 milhões à fundação por meio de um programa do Ministério da Saúde que visava desenvolver e modernizar o parque industrial brasileiro na área da saúde.

Em fevereiro deste ano, o MP-RJ abriu um inquérito civil para “investigar possíveis irregularidades na gestão da Fundação Ataulpho de Paiva e supostas condutas ilegais praticadas pelos membros de sua diretoria” a partir de uma denúncia encaminhada à ouvidoria do órgão, segundo seu diário oficial.

Em nota enviada à reportagem, o presidente da FAP afirmou que “houve falsa acusação de irregularidade na gestão da entidade, promovida por um ex-funcionário, com nítido interesse de chantagear a fundação, na vã esperança de que faremos um acordo em ação trabalhista por ele movida”.

“Prestamos todas as informações e continuaremos à disposição do Ministério Público, para evitar qualquer suspeita sobre esta centenária e importante instituição para o país”, escreveu Gerhartdt Filho, acrescentando que “não condizem com a verdade as acusações de irregularidade administrativas”.

Fonte: BBC Brasil

Faltam antibióticos em farmácias de São Paulo

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Faltam antibióticos nas farmácias da cidade de São Paulo.  Nas últimas semanas, as caixas deste tipo de medicamento, praticamente, “sumiram” das prateleiras.

Com a chegada do frio e o aumento de casos gripais, a venda desses remédios cresceu e as drogarias não têm estoque suficiente para atender a demanda.

A enfermeira Michelle Pereira procura há mais de 10 dias o antiobiótico para a filha, de 2 anos de idade.

Enquanto não consegue, a ouvinte da BandNews FM busca alternativas para tratar os problemas respiratórios da criança.

De acordo com os depoimentos recebidos pela “Central de Ouvintes”, a maior dificuldade tem sido para encontrar nas farmácias e drogarias os antibióticos, genéricos e similares, de Amoxicilina e Azitromicina.

Os dois são usados no tratamento de diversas infecções bacterianas e indicados, principalmente, no tratamento de doenças respiratórias.

A fonoterapeuta Claudia Carvalho fez uma verdadeira “peregrinação” nos últimos dias para encontrar os medicamentos para o filho.

Abrafarma, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, afirma não ter recebido nenhuma notificação das redes associadas e por isso não vem se posicionando a respeito.

Nesta semana, uma pesquisa realizada pelo SindHosp, o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo, apontou que 55% dos hospitais têm problemas com medicamentos, agravados pelo aumento de preços.

Os três medicamentos mais citados, que estão em falta ou com estoque abaixo do nível de segurança, são: Dipirona, Dramin, B6 e Neostgmina.

Fonte: Band

Veja também: https://panoramafarmaceutico.com.br/quatro-estados-e-o-df-relatam-falta-de-antibioticos/

L’Oréal cria córnea reconstruída para substituir testes em animais

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testes em animais

A Episkin, empresa do Grupo L’Oréal, substituirá os testes em animais na América Latina por uma córnea humana reconstruída, SkinEthic HCE. O modelo, utilizado para avaliação de segurança e eficácia in vitro de diferentes produtos e ingredientes que podem causar irritação ocular, passa a ser fabricado localmente.

Este lançamento no Brasil traz mais uma alternativa para a substituição dos testes em animais, para as comunidades científicas brasileira e latino-americana, e atende às necessidades de diferentes indústrias – incluindo a farmacêutica e a de cosméticos.

“Produzir e disponibilizar este modelo no Brasil é um marco importante e motivo de orgulho para nós, dada a importância que os métodos alternativos têm tido para reduzir e até substituir testes em animais em muitos laboratórios no Brasil e América Latina”, reforça Rodrigo De Vecchi, CEO da Episkin Brasil.

Nova resolução traz veto a testes em animais

O lançamento chega também para oferecer uma solução à resolução do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), que exige o uso da córnea humana reconstruída para testes de irritação ocular (OEDC TG 492), em diversos tipos de produtos.

“Ressaltamos a importância desse inovação, que nos conduz substancialmente para a substituição do uso de animais na determinação de toxicidade ocular, sendo mais uma metodologia que se aproxima da resposta humana, colaborando para reforçar a ciência translacional em nosso país”, complementa Katia De Angelis, coordenadora do Concea.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico

GSK se une a startup para compensação ambiental de embalagens

compensação ambiental

A GSK Consumer Healthcare (CH) anunciou uma parceria com a startup eureciclo para zerar o impacto das suas embalagens a partir deste ano. A iniciativa segue alinhada com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que determina que a meta mínima de logística reversa das embalagens geradas pelas empresas seja de 22%.

No caso da GSK CH, será feita a compensação ambiental de 100% dos materiais. Ou seja, para cada embalagem vendida, outra igual será reaproveitada.

“Optamos por seguir com o modelo de 100% de compensação porque acreditamos no impacto positivo que essa iniciativa vai gerar ao meio ambiente e às pessoas envolvidas nesse processo. Serão 3 mil toneladas de resíduos encaminhados corretamente e devolvidos ao ciclo produtivo, o equivalente a 12 mil caixas d’água de 1 mil litros, afirma Yanir Karp, gerente geral para a operação no Brasil.

Compensação ambiental em todos os estados

A compensação será realizada nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, contemplando embalagens de produtos e também materiais de marketing.

“Ainda temos, no mundo, uma longa jornada pela sustentabilidade. Por isso, unir forças é fundamental. Parcerias como essa são capazes de ampliar os resultados, tanto ambientais quanto sociais. O volume de materiais que será retirado da natureza com essa iniciativa é uma prova de que devemos agir juntos”, explica Carlos Eduardo Porto, gerente de Novos Negócios na eureciclo.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico

Governo não usa lei para aumentar oferta de medicamentos contra Covid

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medicamentos contra Covid

Apesar de a Europa e os Estados Unidos já contarem com ampla oferta de  medicamentos contra Covid, alguns desses remédios ainda não chegaram ao Brasil, como o Paxlovid e o molnupiravir, que evitam o agravamento da doença.

Segundo matéria da Repórter Brasil, para mudar esse cenário, o governo federal poderia acionar uma lei considerada uma das melhores do mundo no que se refere à quebra de patentes farmacêuticas, o que permitiria o uso de genéricos no país. Mas restam poucos dias para aplicar essa regra para a Covid, e nada indica que isso irá acontecer.

lei 14.200 de 2021 foi sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em setembro do ano passado com vetos, após ser aprovada na Câmara e no Senado. A norma facilita o chamado licenciamento compulsório – mais conhecido como quebra de patentes – durante emergências sanitárias. Esse mecanismo suspende temporariamente a exclusividade de um laboratório para produzir e vender remédios, vacinas e testes, permitindo que outras empresas importem ou desenvolvam os genéricos.

Quando ocorre uma situação de emergência, como é o caso da pandemia de Covid, a lei determina agora ao governo divulgar, em 30 dias, uma lista de produtos essenciais que podem ter a patente suspensa. A gestão Bolsonaro, porém, não cumpriu a medida, mesmo com o desabastecimento de remédios no mercado interno e o início da produção internacional de genéricos. A janela para que isso acontecesse se fechou no último domingo (22), quando expirou o decreto de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional – uma declaração como esta precisava estar vigente para que a lei fosse acionada.

“O governo está descumprindo a lei”, avalia o advogado Francisco Viegas, que é assessor de política e inovação em saúde da campanha de acesso a medicamentos da Médicos Sem Fronteiras (MSF). “Considerando que ainda estamos em emergência de saúde pública e que já existem medicamentos contra Covid em termos globais, o governo tem obrigação de publicar essa lista”, concorda o advogado Matheus Falcão, analista de saúde do Instituto Brasileiro do Consumidor (Idec).

Viegas lista outros motivos que obrigam o governo a acionar a lei, como, por exemplo, uma eventual negociação insatisfatória entre o Ministério da Saúde e as farmacêuticas, na qual o volume, preço ou prazo oferecidos não atendam às necessidades do país.  Ele cita o caso do Paxlovid, fabricado pela Pfizer, que deve ser vendido ao governo brasileiro por US$ 250 o tratamento – são 10 pílulas no total, administradas em cinco dias. Sua versão genérica, porém, será comercializada a preço de custo para 95 países de baixa e média renda, num acordo costurado pela própria farmacêutica.

“Internacionalmente há uma grande demanda pelo Paxlovid, mas o volume de entrega é pequeno e não há transparência nos contratos. A gente não sabe a quantidade que a Pfizer está oferecendo ao governo brasileiro, se estão diminuindo esse volume em razão de uma falta de suprimentos”, diz.

O uso emergencial do Paxlovid no Brasil foi aprovado em março pela Anvisa, indicado para pacientes adultos com quadros leves e moderados, mas alto risco de evoluírem para a forma grave da doença – como pessoas com comorbidades, idosos e imunossuprimidos. Nos testes clínicos, o remédio reduziu em 89% o risco de hospitalização.

Em 6 de maio, o Ministério da Saúde aprovou sua inclusão no SUS, mas restringiu o público-alvo para apenas os idosos e imunossuprimidos, deixando de fora as demais comorbidades, como diabetes, obesidade e hipertensão. O uso limitado no SUS foi justificado em razão da “sustentabilidade do sistema de saúde”, segundo a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec).

Procurado pela Repórter Brasil, o Ministério da Saúde não comentou sobre a oferta do Paxlovid no SUS. Sobre a legislação, a pasta informou que “a medida está em revisão com o fim da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional”. Já a Pfizer disse que tem condições de fornecer “o quantitativo que o ministério julgar necessário”. O laboratório já encaminhou uma proposta de contrato ao governo, mas não informa os detalhes. A empresa diz estar comprometida com o acesso equitativo do antiviral no mundo e que espera que ele esteja disponível no Brasil “o mais rápido possível”. “A Pfizer continua atuando para produzir 30 milhões de tratamentos no primeiro semestre do ano e um total de 120 milhões de tratamentos em 2022, se necessário”, diz a nota.

Pedras no caminho para aumentar a oferta de medicamentos contra Covid

A nova lei alterou a Lei 9.279/96, conhecida como “Lei de Patentes”. Ela já permitia a chamada quebra de patentes durante emergências de saúde – que poderia ter sido acionada pela gestão Bolsonaro desde o início da pandemia –, porém, o processo agora foi facilitado.

O tema ganhou oposição da indústria farmacêutica. O setor trabalhou para barrar o texto, alegando que a legislação já permitia a suspensão de patentes e que os projetos de lei afastariam investimentos estrangeiros e dificultariam a chegada das vacinas ao país, o que não aconteceu. Apesar de o setor ter conseguido recuos importantes no texto final e, sobretudo, nos vetos de Bolsonaro, a lei aprovada trouxe avanços.

A legislação anterior concedia ao Executivo o poder de emitir a licença compulsória durante emergências, mas não fixava prazo para isso. Agora, o governo tem 30 dias para divulgar a lista de produtos que podem ter a patente suspensa. “Quando o governo tem liberdade de tempo para fazer algo, acaba não tendo a obrigação de fazer nada”, diz Alan Rossi Silva, advogado do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual, coordenado pela Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA). “O licenciamento compulsório é importante para ampliar o acesso a medicamentos, mas depende muito do poder Executivo”, critica.

A nova lei também inovou ao permitir a licença compulsória não somente de patentes, mas de pedidos de patentes, o que facilita em casos de emergência, já que muitos produtos ainda não possuem as patentes concedidas, como o Rendesivir, também indicado para a Covid – em razão de seu alto preço, é usado apenas na rede privada no Brasil. A lei também prevê o pagamento de royalties aos proprietários das tecnologias, calculado em 1,5% do valor de venda do genérico.

Lei perdeu força

Apesar do consenso, a proposta tinha uma oposição fundamental: Jair Bolsonaro. O presidente sancionou a lei, mas vetou trechos considerados fundamentais por especialistas em acesso à saúde.

Bolsonaro barrou, por exemplo, que o Congresso tivesse autonomia para divulgar a lista de produtos passíveis de suspensão de patentes, mantendo a exclusividade com o Executivo. Também foi riscado da lei o trecho que obrigava as farmacêuticas a transferirem o know how de produção, bem como os materiais biológicos essenciais à fabricação.

Não fossem os vetos de Bolsonaro, o Congresso já poderia ter divulgado a lista e o processo estaria encaminhado. “O veto impede o acesso rápido a medicamentos ou insumos que dependam do compartilhamento do material biológico”, diz Trad. “Sem isso, praticamente inviabiliza a produção de vacinas e remédios”, afirma Paim.

O acesso a esses insumos biológicos é fundamental para reproduzir as vacinas com tecnologias inovadoras, como a de mRNA, utilizadas nas doses de Pfizer e Moderna, mas que o Brasil ainda não sabe produzir. “A gente não pode esperar chegar uma nova onda e os desafios de uma variante nova para começar a desenvolver esses produtos. Precisamos para já ter esse know how sendo aprimorado”, diz Viegas, do MSF.

Fonte: Redação Panorama Farmacêutico