O Comitê de Política Monetária (Copom) cortou, nesta quarta-feira (5), pela nona vez consecutiva, a taxa de juros básica de economia, a Selic, que agora está em 2% ao ano, o menor nível da história.
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Com uma taxa de juros tão baixa, onde investir o dinheiro para ter alguma rentabilidade? Poupar já não vale mais a pena? Como fazer o dinheiro render para garantir a aposentadoria, comprar uma casa, um carro, viajar, enfim, para o futuro?
Com essa nova queda, a rentabilidade da poupança cai para 1,40% ao ano. Com a expectativa de o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que é o índice oficial de inflação do governo, terminar 2020 em 1,63% ao ano, segundo levantamento do Boletim Focus do Banco Central do último dia 31, a taxa real de rendimento da poupança fica negativa em 0,23%, informa o matemático financeiro e economista José Dutra Vieira Sobrinho.
O que é taxa real? É a taxa descontada da inflação
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O CDI, que baliza a rentabilidade dos investimentos de renda fixa como CDBs, por exemplo, vai a 1,94% ao ano.
Até julho de 2016, a taxa Selic estava em 14,25% ao ano, o que tornava fácil, fácil conseguir uma rentabilidade de 1% ao mês. Hoje isso não é mais possível. Por isso, a estratégia de investimentos deve mudar.
A renda fixa morreu?
Para Gabriela Mosmann, analista de investimentos da Suno Research, mesmo com a taxa de juros tão baixa não é possível dizer que a renda fixa morreu.
“Investimentos tradicionais como Tesouro Selic e poupança estão se tornando mais uma reserva de valor. O rendimento do Tesouro empata com a inflação, e o da poupança até perde dela. O dinheiro que estiver nessas aplicações é o de curto prazo, aquele que precisamos ter à mão para uma necessidade.”
Esse montante deve ser, em média, de seis meses o valor das despesas. Gabriela diz que se sente mais segura tendo uma reserva de dez meses de sua despesa. “Cada um deve avaliar sua situação. Um funcionário público com estabilidade poderia ter uma reserva de quatro meses, já um autônomo precisa de um ano, pelo menos.”
“Mas quando se trata de renda fixa, não são só esses investimentos que contam, há uma série deles que trazem boas oportunidades, como debêntures e títulos atrelados à inflação”, afirma.
A agente autônoma de investimentos da corretora XP, Giane Coelho, concorda.
“A taxa de juros está baixa, então vamos tirar tudo de renda fixa? Não. Temos de aprender a conviver ela, usando estratégias para fazer o dinheiro render mais.”
Giane Coelho, agente autônoma de investimentos da corretora XP
Duas estratégias para ter mais rentabilidade
Giane Coelho sugere duas estratégias para o investidor conseguir ganhar mais mesmo com a Selic baixa:
Estratégia 1: Investir por um prazo mais longo
Em vez de comprar títulos que tenham liquidez imediata (ou seja, que se transformem em dinheiro de um dia para o outro, caso dos títulos do Tesouro Selic, alguns tipos de CDB e fundos DI, por exemplo), invista em títulos públicos ou privados com prazo de vencimento mais longo.
Quando você deixa o dinheiro por mais tempo com o governo ou com o banco, ele precisa te remunerar mais. Essa é a lógica.
Claro que não vale aplicar em qualquer título que tenha prazo mais longo só porque vai render mais. É preciso avaliar para quem você está emprestando esse dinheiro, quais as garantias e também quando você irá precisar do dinheiro.
“As pessoas se assustam com prazo, mas o tempo passa muito rápido. Às vezes a pessoa não quer aplicar num título com prazo de dois anos e fica dez anos com o dinheiro parado na poupança”.
Estratégia 2: Diversifique os investimentos
Também é possível obter mais rentabilidade diversificando os investimentos.
Deixe uma parte em renda fixa e separe uma parcela dos investimentos para comprar ativos de renda variável, que por terem mais risco conseguem ter uma maior rentabilidade, como ações, fundos imobiliários ou fundos multimercados, por exemplo.
Na renda fixa, papéis com mais risco e sem proteção do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) também são opções para diversificar. Exemplos desses papéis são debêntures e Certificados de Recebíveis.
“O mundo não é 8 ou 80. É possível reservar uma parte dos investimentos para segurança e outra para tentar obter rentabilidade”, diz.
Sugestões de como aplicar o dinheiro
A pedido da coluna, as especialistas Gabriela Mossman e Giane Coelho sugerem onde aplicar o dinheiro de acordo com o perfil do investidor: conservador (aceita pouco ou nenhum risco), moderado (aceita algum risco para ter mais rentabilidade) e agressivo/arrojado (aceita muito risco, inclusive perder parte do patrimônio, para ter mais rentabilidade):
Carteiras sugeridas pela Gabriela Mossman:
As carteiras sugeridas por Gabriela desconsideram a reserva de emergência, que deve estar separada. Essa reserva deve estar aplicada em investimentos que permitem transformar o papel em dinheiro vivo rapidamente, como o Tesouro Selic.
Conservador
50% em debêntures e títulos ligados à inflação, como Tesouro IPCA+
50% em fundos, principalmente multimercados. Pode dedicar uma parte pequena a fundos imobiliários e ações.
Moderado
30% em renda fixa atrelada à inflação, como Tesouro IPCA+
40% em fundos multimercado
30% fundos imobiliários e ações
Agressivo
10 a 20% em renda fixa atrelada à inflação, como Tesouro IPCA+
30% a 40% em fundos multimercados
50% em fundos imobiliários e ações
Carteira sugerida pela Giane Coelho:
A seguir, temos as sugestões da Giane Coelho. A sigla RF significa Renda Fixa.
Conservador
70% RF pós fixado
15% RF pré fixado
15% RF inflação
Moderado
30% RF pós fixado
15% RF pré fixado
15% RF inflação
30% Multimercado
10% Renda Variável
Arrojado
20% RF pós fixado
10% RF pré fixado
10% RF inflação
25% Multimercado
25% Renda Variável
Fonte; Portal R7