A boca amarga costuma ser atribuída comumente à má higiene bucal, mas também pode ser resultado do uso de medicamentos e sintomas de problemas de saúde mais complexos. É um desconforto, principalmente por estar associada ao mau hálito que, por sua vez, gera constrangimento em rodas de conversa e no relacionamento interpessoal.
A investigação do problema começa pela cavidade bucal, cuja limpeza mal feita leva a sangramento da gengiva, periodontite, acúmulo de saliva e bactérias na língua e cáries dentárias. São fatores que favorecem a sensação de amargor. A chamada saburra lingual, por exemplo, causa gosto amargo pela aglomeração de restos de comida, células mortas e bactérias, dando um tom esbranquiçado à língua.
Boa escovação previne ocorrência de boca amarga
Escovar adequadamente os dentes, pelos menos, duas vezes ao dia, complementando com o uso de fio dental, combate a proliferação dessas bactérias. A escovação antes de dormir, inclusive, é a mais importante porque durante o sono há redução da salivação, proporcionando a multiplicação de microorganismos. Além do cuidado oral, visitas regulares ao dentista não podem deixar de ser agendadas.
A ingestão de medicamentos também leva a alterações no paladar. Uma vez absorvidos pelo organismo, são liberados na saliva e deixam a boca amarga. Entre eles estão antibióticos, remédios para gota e tratamento de doenças cardíacas. Já os antidepressivos provocam o fechamento das papilas gustativas, o que também altera o gosto. Nesse caso, procurar alternativas à medicação junto a especialistas pode ser eficaz.
Refluxo e doenças hepáticas acentuam problema
Bastante recorrente hoje em dia, o refluxo gastroesofágico é outra disfunção que provoca boca amarga. Isso ocorre quando os ácidos do estômago voltam ao esôfago e não seguem o fluxo normal dos alimentos durante a digestão. O problema pode ser aliviado evitando itens que elevam a acidez do estômago e a adotando uma dieta com baixo teor de gordura.
Doenças hepáticas – hepatite e cirrose – são outros males que interferem no paladar. O mal funcionamento do fígado propicia a elevação do nível de amônia, substância tóxica, no organismo. O órgão saudável tem a função de transformar a amônia em ureia, que é eliminada na urina. Quando isso não acontece, o efeito é o gosto amargo, que se repete caso os rins também apresentem problemas, acumulando ureia e creatina no corpo.
As infecções respiratórias tornam mais extensa a lista de causas do incômodo. Os fluidos – catarro e pus – produzidos pelas bactérias de rinite, amigdalite e sinusite, podem surgir na garganta e nas vias nasais e chegar à cavidade bucal. Beber bastante água ajuda a atenuar esse agastamento.
Em pacientes portadores de diabetes do tipo 1, o desgosto é causado pela cetoacidose, emergência médica que ocorre quando o nível de glicose no sangue está muito alto. Em consequência, aumenta a quantidade de cetona e cai o pH do sangue. Um dos sintomas dessa condição é a boca amarga. Por isso, a glicemia do paciente deve ser medida regularmente.
Quimioterapia altera papilas gustativas
Os medicamentos usados no tratamento de quimioterapia, especialmente ciclofosfamida, dacarbazina, doxorrubicina, cisplatina e fluorouracil, são os agentes responsáveis pelo problema. Eles lesionam as papilas e interferem no paladar. Embora não seja regra geral, o gosto amargo melhora em três ou quatro dias após cada sessão de quimioterapia e até um mês após o término do tratamento. Para aliviar, recomenda-se consumir alimentos em temperatura ambiente, usar temperos naturais, e manter a boca limpa.
Já os suplementos vitamínicos contêm substâncias metálicas – ferro, zinco, cobre e outros – que também resultam nesse efeito colateral na boca quando completamente absorvidos pelo organismo. Ajustar a dose ou trocar o composto pode ser um caminho.
Mulheres grávidas costumam se queixar de gosto amargo ou metálico na boca. O problema ocorre durante o estágio inicial da gravidez, ocasionado pela alteração nas taxas hormonais. Essa mudança deixa o paladar mais apurado e o inconveniente desaparece naturalmente. Caso contrário, a sugestão é beber água com limão ou tomar um picolé do mesmo sabor.
Uma receita simples para rebater esse efeito adverso é o gargarejo com própolis. Além de combater micróbios, é indicado para neutralizar a boca amarga decorrente de gripe, resfriados, rinite e sinusite. Outra alternativa é o chá de camomila, que é desinfetante, bactericida e antimicrobiano, recomendado para amenizar infecções .
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico